Jade Crow tem uma vida simples, simples e feliz ao lado dos amigos e cuidando de sua loja de artigos nerds-geek, ocasionalmente disputando partidas de RPG ou games on-line e tudo bem.

Mas nem tudo sempre foi assim tranquilo e Jade Crow tem um segredo. Na verdade todos os seus amigos e uma boa parte da população de Wylde, Idaho, tem um segredo: a maioria dessas pessoas da pequena cidade é composta por seres fantásticos como leprechauns, magos e transmorfos que alternam entre sua forma animal e a forma humana.

Só que o segrede de Jade Crow envolve uma fuga que já dura quase 30 anos humanos desde que seu ex-namorado, Samir – um poderoso praticante de magia/feitiçaria – tentou devorar seu coração para absorver suas habilidades e poderes.

Desde então Jade evitou usar sua magia de formas que pudessem alertar Samir de sua presença e leva-lo até seu lar e pôr a vida de seus amigos em risco.

Tudo foi bem durante os últimos anos até que um estranho incidente ocorreu e levou ao encalço de Jade um Juiz chamado Aleksei Kirov, cuja função é ser um tipo de força da lei para os metamorfose a serviço do chamado Conselho dos Nove.

Na mesma noite que Aleksei surge na loja de Jade que estava em companhia de sua melhor amiga, Harper, outros de seus amigos se juntam para descobrir que Rose, mãe de Harper, foi aprisionada viva e inerte em sua forma metamórfica de Raposa por uma magia desconhecida e poderosíssima.

De imediato Jade acredita que seu ex, Samir, seja responsável por tal curso de ação e que descobriu como chegar até ela em Wylde atingindo seus amigos.

Começa assim a jornada de Jade e seus amigos para salvar Rose, a si mesmo e descobrir quem está por trás dos estranhos fenômenos mágicos que de repente começam a tomar conta de suas vidas.

A Justiça Chama, a aventura também…

A narrativa de A Justiça Chama: Magia em Jogo Vol.1 é bem simples e direta, em cerca de alguns poucos dias desde o surgimento de Aleksei e de Rose em estase mágica tudo ocorre depressa e quase freneticamente. Às vezes acho que até rápido demais e isso tem pontos muito positivos e alguns negativos.

De modo geral a história é bem interessante e com uma pegada bem leve com alguns momentos mais densos e obscuros, porém a totalidade da obra de Annie Bellet se baseia em leitura leve, divertida e ágil.

Seus personagens são utilizados satisfatoriamente e o foco gira em torno de Jade e de alguns pontos de seu passado que vamos conhecendo aqui e ali conforme ela mesma nos conta algo de pertinente de acordo com a demanda de sua aventura.

Além de Jade alguns de seus amigos também tem mais destaque e função que outros, nada muito grande ou significativo, a maioria dos personagens de Bellet são apenas coadjuvantes funcionais dentro da trama, entrando ou saindo de cena tão rápido que nem temos tempo de perceber bem quem era realmente que estava ali em determinada situação.

A dinâmica da aventura é uma fantasia urbana no estilo “gato-e-rato” competente e divertido, onde Jade precisa superar seus medos e dúvidas sobre usar ou não seus grandes poderes para dar um fim nos problemas que começaram com a captura de Rose. No meio do processo Jade se questiona inúmeras vezes se deve ou não intervir de forma mais direta ou se deve simplesmente deixar tudo para trás e fugir novamente de Samir.

A ação e trama da narrativa fecham-se em si mesmas, mas também garantem espaço para o que vem nos próximos livros, tendo a clara função de abrir as portas de um mundo bem maior a ser explorado nos próximos livros da série (há mais seis livros após este).

Em várias passagens de A Justiça Chama: Magia em Jogo Vol.1 me deu a impressão de estar em uma ventura dos garotos do desenho animado Scooby-Doo misturado com RPG de mesa e Harry Potter a quem, acredito, a autora deva uma boa quantidade de ideias e propostas.

Obviamente Bellet nos deixa claro quais são suas principais influências do título original da obra até as falas de seus personagens nas citações que os mesmos disparam aqui e ali. Além da impressão que citei acima, outra que me ficou patente durante a leitura é que nós mesmos estamos inseridos em uma grande aventura de RPG narrada entre amigos de tão próximo que Bellet se sente deste universo ao qual tanto se inspira.

Também não posso deixar de citar que o mundo de Bellet tem toda aquela cara de obra feita para ser adaptada em outras mídias, para as quais acredito que até funcionaria muito mais. Um série televisiva teen com um bom elenco de jovens e belos atores se dividindo entre aventuras fantásticas e romances típicos da adolescência.

Narrado em primeira pessoa (por Jade), A Justiça Chama: Magia em Jogo Vol.1 é feito, acredito eu, para dois tipos de leitores: os jovens iniciantes e os aficionados por obras com referências ao que existe de mais forte na cultura pop-nerd-geek.

Filmes, séries, games, boardgames, Arquivos X, Star Trek, Star Wars, Dungeons & Dragons etc. Tudo e mais um pouco disso está presente no DNA da criação de Jade Crow, seus amigos, suas aventuras e no mundo que os cercas.

As referências que Bellet espalha por sua obra com absoluta certeza trazem um quê de humor e cumplicidade entre a autora, sua personagem e seu leitor de forma a criar uma empatia significativa entre esses três elos, tornado a afeição com o livro bem grande.

Algo que, acredito eu, esteja contido também no livro Jogador Número 1, cuja tônica gira justamente nessa relação entre memória afetiva e reconhecimento de si na obra. Não são poucas as ocasiões que é perceptível a sensação de que Bellet pegou um dia de jogatina e adaptou a narração de uma mesa de RPG para se tornar seu livro.

Com cara de ser um grande preâmbulo ao mundo que quer explorar mais adiante, A Justiça Chama: Magia em Jogo Vol.1 não está imune aos vícios de gênero e nem de escrita, Bellet aqui e ali dá suas derrapadas comuns de obras teen colocando a conhecida tensão sexual entre seus protagonistas, garantindo um leve ar de Crepúsculo, nada comprometedor se você for um leitor mais jovem e afeito aos maneirismos desse tipo de abordagem um tanto clichê, mas é algo que realmente não acrescenta muito ao livro e pode ser meio entediante para os leitores mais velhos que, certamente vão torcer o nariz.

Se você procura um substituto para os Harry Potter e Pearcy Jackson da vida, aqui tem uma boa oportunidade, sobretudo por ser uma leitura rápida e bem objetivo em sua quase totalidade. Ao lado de Tronos & Ossos da Editora Jangada, Magia em Jogo me parece uma excelente franquia para se iniciar na vida de leitor do gênero fantástico, sabendo dosar ritmo e situações que podem agradar e muito os jovens leitores sem recorrer ao exagero piegas e meloso da saga Ecos do Espaço, coincidentemente da mesma Editora Jangada.

Acredito que vale muito apena aguardar com bastante atenção os próximos livros da saga Magia em Jogo da AVEC Editora para termos uma percepção maior do que Annie Bellet vai fazer com seus personagens e com os conceitos que se apropriou para erguer seu mundo mágico.

A Justiça Chama: Magia em Jogo Vol.1 | Sinopse e Ficha

Jade Crow vive uma vida tranquila em sua loja de quadrinhos e jogos em Wylde, Idaho. Depois de vinte e cinco anos fugindo de um feiticeiro poderoso que quer comer seu coração e tomar seus poderes.

Cercada por amigos ainda menos humanos do que ela, Jade acredita que está finalmente segura. Contanto que ela não use sua magia!

Quando os poderes escuros ameaçam a vida de seus amigos, aparece um executor transmorfo sexy. Ele é o juiz, o júri e o carrasco de um mundo pouco mundano e acha que Jade é o culpada.

Para limpar seu nome, salvar seus amigos, e parar o vilão, ela terá que usar sua inteligência … e seus poderes de feiticeira. Mas jade sabe que, assim que fizer isso, atrairá um inimigo muito mais letal.

A Justiça Chama é o primeiro livro da série Magia em Jogo (Twenty-sided Sorceress), best seller do USA Today com mais de 100.000 livros vendidos.

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Magia em Jogo | Ficha Técnica

• PREÇO: R$ 29,90
• 120 páginas
• CATEGORIA: Fantasia urbana/ Sobrenatural
• PÚBLICO/IDADE: Jovem Adulto
• Autor: Annie Bellet
• Tradutora: Camila Fernandes
• Edição: Artur Vecchi
• Diagramação: Vitor Coelho
• Ilustração da Capa: Rod Mendes

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