Nem bem começamos a tentar digerir que Ben Aflleck é o novo Batman nos cinemas, a DC/WB decide dar um golpe de misericórdia nos fãs e revela o novo visual de um dos anti-heróis mais legais de todos os tempos da editora: eis que surge o novo Lobo, um amalgama bizarro de elfo com o vampiro Edward.
Segundo o editor-chefe da DC, Bob Harras, a nova versão do personagem é a “verdadeira”, e a que todos conheciam antes não passa de um impostor.
Continuando a sua brilhante explicação, Harras diz que esta nova versão do personagem “é maldoso e brutal em partes iguais” e “mais sombrio e uma idéia mais condizente do que uma força da natureza como ele seria capaz de fazer”.
Bem, não sei em que esquina da cultura pop me perdi. Mas ao que parece deve existir alguém da Marvel infiltrado na DC Comis, com toda certeza…
Numa simples análise, o Lobo pós-crise (Crise nas Infinitas Terras) ou “O Maioral” como gosta de ser chamado, sempre foi divertido, por ser um boçal com um único compromisso: fazer valer sua vontade; sua essência é ser politicamente incorreto, o único preceito que o personagem ainda segue é o de manter sua palavra custe o que custar, rendendo sempre situações inusitadas.
Sendo assim ele faz um contraponto à linha tradicional de heróis da Distinta Concorrente, a diversão levada ao extremo, mostrando que historias em quadrinhos também tem que ser descontraídas e ter um pé no ridículo antes de tudo, afinal sua missão principal é o escapismo.
Vivemos em uma sociedade sufocante onde tudo parece de cristal, nada pode ser tocado de verdade e não podemos, sequer, esbarrar em nada, pois irá quebrar ou ferir o “direito” dos outros, tudo padronizado ao extremo, o escracho esta sendo varrido para debaixo do tapete definitivamente, e os quadrinhos estão levando isso à risca…
Esta necessidade de revisitar conceitos e “moderniza-los” tornando-os mais “sérios” mostra-se cada vez mais perigosa, há coisas que não devem ser revistas, pois são boas como estão. A sensação que fica é que vivemos tempos cada vez mais pobres e que retirar leite de pedra do que rende ou já rendeu algo bom é o único caminho, a época dos criadores e sonhadores parece ter chegado ao fim, lucros e medidas para se chegar em resultados mais robustos parece ser a única meta, vide a moda do 3D nos filmes atuais que não passa de uma jogada caça-níqueis sem precedentes, qualquer bomba lançada neste formato que caia no gosto do publico vira sucesso de bilheterias chegando a cifras astronômicas e ganhando com isso um falso ar de qualidade.
Hoje falar em quadrinhos sem falar em cinema é quase impossível, pois todas as manobras feitas nas HQs parecem vislumbrar as telas dos cinemas, já que a mina de ouro parece não ter fim, e neste processo de desconstrução dos universos criados nas paginas dos quadrinhos, os fãs que estiveram sempre ali, alimentando a indústria, foram sumariamente esquecidos, ou varridos para baixo do tapete junto com o escracho.
Viva o novo Lobo “O Maioral”… ¯\_(ツ)_/¯
Sobre o Autor
É Bacharel em Psicologia, porém optou por sua grande paixão trabalhando como ilustrador e quadrinhista. É sócio do Pencil Blue Studio e Ponto Zero, podendo assim viver e falar do que gosta: quadrinhos, cinema, séries de TV e literatura.