Marvel finalmente inicia sua fase 2 nos cinemas, e Lady Sif nos mostra o verdadeiro significado dos super-heróis.
O filme do Thor já estreou tem algumas semanas, todo fã que se preze já deve ter visto o filme ao menos uma vez, contudo há uns retardatários que ainda não assistiram, consegui sair deste grupo há poucos dias, a esta altura várias criticas e opiniões sobre Thor 2: O Mundo Sombrio já foram emitidas, porém resolvi escrever a minha assim mesmo, é um filme que merece ser comentado. Este olhar tardio sobre a obra teve um ponto positivo, pude notar como o publico em geral esta reagindo a este segundo filme da fase 2 da Marvel nos cinemas.
Thor 2: O Mundo Sombrio da prosseguimento as aventuras do Universo Marvel Compartilhado estabelecido nas telas e principalmente inicia verdadeiramente a fase 2 deste universo, esqueçam Homem de Ferro 3. Aqui cabe minha primeira observação, vi muita gente criticando o fato desta continuidade/interligação/compartilhamento limitar as possibilidades da película, e que o mesmo não inova em relação ao gênero (Super-heróis) que se estabeleceu nas telas há alguns anos.
Se olharmos para trás, e percebermos que depois de 15 anos do inicio de toda esta bagaça, vide Blade no longínquo ano de 1998 que, modesta e despretensiosamente, serve como marco inicial desta jornada, tivemos nesse período uma enorme quantidade de adaptações de quadrinhos (independente da qualidade). Com isso, o estigma de modismo não cabe mais, este novo gênero já tem seu espaço cativo em Hollywood.
Porém isto não resguarda estes universos fantásticos de uma característica cada vez mais pungente de nosso tempo, onde tudo parece descartável e com um prazo de validade curto demais, percebi inúmeros indivíduos já questionando a proposta e achando chato o tão sonhado universo compartilhado nas telas, pois limita a experiência já que o filme tem que cumprir o proposito de se conectar com algo maior, e o pior é que a DC Comics ainda nem conseguiu iniciar o seu universo compartilhado decentemente nas telas.
Outro ponto reivindicado a exaustão, é que agora todo filme de super-heróis tem que quebrar paradigmas e inovar a forma como vemos o cinema, porem isto irá acontecer esporadicamente e não é necessariamente uma característica fundamental para que um filme seja bom, este anseio por obras primas esta se tornando uma obsessão um tanto extremista.
Thor 2: O Mundo Sombrio usa o mote de um alinhamento de planetas, aqui os nove reinos no caso, para viabilizar os planos do vilão Malekith, O Maldito, líder dos elfos negros, junto com a substância denominada “Éter”, fundamental para devolver as trevas ao universo. Aqui temos mais um ponto criticado, este tipo de argumento contra a premissa do filme, principalmente com a questão do alinhamento dos planetas, nos permite vislumbrar o grau de contradição na análise do que se esta consumindo, já que estas adaptações são oriundas das HQs, justamente um lugar onde as tramas são batidas e os clichês soberanos, e ainda assim temos sagas maravilhosas. Porém, não pretendo convencer ninguém com este argumento, e nem quero que se contentem com o mesmo, quero apenas mostrar que se não há espaço para inovar, ou melhor dizendo, não se quis isto, o que vale é o que você vai fazer com este amontoado de clichês e com este maldito alinhamento de planetas.
Thor 2: O Mundo Sombrio tira leite de pedra e mostra que mesmo com a tal trama batida se esta for bem aproveitada pode-se ter um produto de qualidade principalmente dentro da fórmula que a Marvel estabeleceu para contar suas historias nas telas, afinal o objetivo é trazer um bom filme ao publico em geral e que o mesmo de a continuidade ao universo compartilhado nas telas.
O visual da película é um show a parte, mais refinado e procurando ser principalmente funcional a trama, ganhamos um espetáculo de muito bom gosto, sem nada que nos afronte dizendo que se trata de CG, passeamos por vários cenários lindos, sem notar o que é artificial ou não. A nave de Malekith é um exemplo magnifico desta boa utilização de recursos, a mesma possui um designer lindo e arrojado e passa a imponência que se espera de um maquinário de um filme deste porte, sem esquecer o visual dos elfos negros que ficou muito bom. Já os trajes asgardianos estão mais belos ainda do que os do primeiro filme, a fotografia é outro ponto forte, equilibrada, sem provocar dor de cabeça e sem “forçação de barra” para mostrar que estamos em um filme de super-heróis.
Outro ponto fundamental são as piadas, estão lá, funcionando e com um ritmo acertado com a trama, e mais, nos entrega a melhor piada e interligação de universos até agora, a cena que envolve Thor, Loki e o Capitão América é hilária e bem sacada, mostrando que tudo deve ter um tempo e hora certa para ser usado.
Quanto ao elenco, Chris Hemsworth/Thor esta a vontade no papel, Natalie Portman funciona finalmente, o romance entre os dois flui mais convincente neste filme. Os demais personagens cumprem seus papeis de forma competente, cabe aqui um destaque para Rene Russo/ Frigga que ganha relevância na trama e se sai muito bem no que lhe coube. Idris Elba/Heimdall manda seu recado elegantemente mais uma vez, Anthony Hopkins/Odin trabalha no piloto automático, mas afinal ele é o eterno Hannibal Lecter, poderia ficar o filme todo calado que já estaria de bom tamanho.
Agora tem a outra parte do elenco, esta infelizmente não funciona, Christopher Eccleston/Malekith, O Maldito é um fiasco, não passa de uma alegoria, mostra-se deslocado o tempo todo, vilão insosso e sem carisma, passa tão despercebido que não compromete a trama, já o Stellan Skarsgård/Dr Selvig foi lobotomizado, só servindo aos já famosos alívios cômicos das películas da Marvel, não acrescenta nada ao filme, outro problema é Kat Dennings/Darcy e seu estagiário, são peças desnecessárias, ocupam tempo de tela precioso que deveria ter sido destinado aos verdadeiros injustiçados deste segundo filme da franquia, os asgardianos amigos de aventura de Thor, Jamie Alexander /Lady Sif, Ray Stevenson/ Volstagg, Zachary Levi/Fandral e Tadanobu Asano/Hogun que são desperdiçados, quase nem aparecendo no desenrolar dos acontecimentos.
Bem, nem é preciso dizer que Tom Hiddleston/Loki se consagra como peça fundamental não só no universo de Thor como com toda certeza nos eventos futuros do Universo Marvel nas telas, ele atinge finalmente o status do deus da trapaça, arrisco dizer que sem ele no filme ou na trama maior que interliga toda esta mitologia nos cinemas os resultados não seriam os mesmos, talvez a Marvel não tivesse conseguido ter o mesmo êxito até o momento, ele é a liga fundamental que sedimenta tudo, ele é o mal na sua melhor forma, pois nem sempre conseguimos detectar com clareza suas intenções num primeiro momento o que torna a natureza deste elemento mais perigosa e sedutora para os incautos.
Thor 2: Mundo Sombrio tem boas cenas de ação com o Mjolnir aparecendo como um elemento importante e emblemático em momentos decisivos, afinal é o martelo de Thor e não um simples adereço. Aventura, porrada de primeira qualidade, humor na dose certa uma trama clichê que acaba funcionando e fazendo a fase 2 finalmente decolar ou melhor dizendo, “alinha” tudo para que o plano da Marvel nas telas prossiga. Thor 2 cumpre o seu papel e implanta elementos preciosos para os futuros filmes do universo compartilhado, e principalmente devolve o frescor para as telas que senti quando assisti pela primeira vez Homem de Ferro, o filme que iniciou toda esta aventura.
Cabe agora a Gaurdiões da Galaxia, Capitão América 2: O Soldado Invernal e Vingadores 2: A Era de Ulton dar continuidade aos eventos, e a nos aguardarmos e ver para que confins do universo seremos conduzidos nesta grande saga…
Aos desavisados fiquem até o fim de tudo, a cena pós-créditos desta vez é dupla, a primeira é a mais importante, a segunda passei batido e só vi na net, pois preferi não ler sobre o filme antes de vê-lo, ainda bem que é boba.
Com quase duas décadas de filmes de super-hérois nas telas o que podemos concluir é que devemos esquecer as transposições literais de sagas, isto dificilmente irá acontecer, são adaptações somente, o que importa é a qualidade das mesmas, além do mais os fãs não são prioridade definitivamente para os estúdios, e findando a Disney/Marvel dificilmente mudará os rumos do que esta gerando rios de dinheiro para seus cofres, mesmo os fãs gostando ou não, o publico em geral consome sem precisar entender todos os elementos expostos ou ter lido centenas ou milhares de aventuras previamente nas HQs.
Findando, tomei conhecimento de uma notícia que resume bem o que significa ou deveria significar o mito dos super-heróis, são aqueles momentos mágicos em que a fantasia invade a realidade e aqueles seres e suas fantasias coloridas fazem todo o sentido. A belíssima atriz Jaimie Alexander trajando mais uma vez suas vestes de Lady Sif, empunhando seu escudo e sua espada visitou Hospital Infantil de Los Angeles no dia de Ação de Graças, o feriado mais importante nos EUA, à atriz passou uma tarde com crianças em tratamento, levando presentes e interagindo com as mesmas, tirando fotos dando autógrafos, brincando, mas o melhor de tudo é que além de levar um pouco de alegria e provocar o sorriso nestas crianças que tem que enfrentar situações dificílimas tão cedo, ela pôde cumprir como todo bom super-herói a sua maior tarefa, levar ao coração destes pequenos guerreiros o que realmente importa, esperança…
[divider]Dados no IMDB[/divider]
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Cotação: 3,5 pontos
Sobre o Autor
É Bacharel em Psicologia, porém optou por sua grande paixão trabalhando como ilustrador e quadrinhista. É sócio do Pencil Blue Studio e Ponto Zero, podendo assim viver e falar do que gosta: quadrinhos, cinema, séries de TV e literatura.