[divider] Marvel Triunfante[/divider]
Bem galera, quase um mês após a estreia de Capitão América 2: O Soldado Invernal vamos finalmente publicar nossa análise, mas por que tanto tempo depois? Em primeiro lugar porque estávamos nos reestruturando, em segundo lugar com o novo PZ no ar, como resistir e não falar de um filme destes, apenas porque no mundo da internet notícias perdem relevância em minutos?
Vamos a nossa análise, Capitão América 2: O Soldado Invernal é o tipo de produção que deve ser vista e revista, pois vale cada segundo de projeção. É uma obra inovadora? Ou um filme que redefine o gênero de super-heróis? Não necessariamente e nem precisa deste tipo de rótulos ou missão, talvez seja isto que esteja desgastando muitas produções deste gênero em Hollywood, pois o básico é deixado de lado, com roteiros confusos e superficiais obras são sacrificadas, blockbusters podem e devem ter bons roteiros sim, e sem duvidas esta é a principal qualidade dessa película.
Com um roteiro contundente e ágil, CA 2: O Soldado Invernal nos presenteia com um excelente espetáculo, sim o filme tem ação primorosa, bebe diretamente na fonte do mundo da espionagem e muitos são as comparações com filmes setentistas do gênero. Nos quadrinhos não há como não lembrar a fase onde Jim Steranko mergulha magistralmente no mundo da espionagem nas paginas do agente secreto “Nick Fury, Agent of S.H.I.E.L.D.” no período que ficou conhecido como Era de Prata dos Quadrinhos, com um traço refinado e provocativo para época. Além deste clima de thriller de espionagem, o filme nos brinda com inúmeras referências a outros personagens e elementos que fazem parte do Universo Marvel, ampliando as possibilidades de forma que nenhum fã possa reclamar, a não ser que seja um decenauta fervoroso.
A trama apresenta Steve Rogers (Chris Evans) buscando se adaptar aos novos tempos, contudo de forma plausível ele permanece como um soldado que pretende servir aos interesses do seu país mesmo que discorde dos métodos de Fury e os ideais já não sejam tão claros como nos anos quarenta, onde as coisas eram mais simples e fáceis de perceber, afinal o mal não se mostrava tão ambíguo.
Tudo degringola quando em uma missão para S.H.I.E.L.D. junto com a Viúva Negra (Scarlett Johansson) e um comando tático denominado S.T.R.I.K.E.R ele começa a adentrar em uma obscura rede de acontecimentos que vai trazer consequências tenebrosas ao futuro do Universo Marvel nas telas. Já da para sentir o nível da produção pelos minutos iniciais com o Capitão América em ação em coreografias de tirar o fôlego, finalmente vemos do que ele é capaz, quando o Sentinela da Liberdade enfrenta Batroc (George St. Pierre, campeão dos meio-médios do UFC), não tem como não ficar com aquele sorriso de canto de boca e pensar “foda, O Capitão é foda”…
Em CA 2: O Soldado Invernal o Marvel Studios quebra um paradigma de sua formula ao misturar elementos de outro gênero a sua estrutura que já estava bem sedimentada, mas dava sinal de que precisava de um novo combustível, porém nada de inovador, afinal a Trilogia do Cavaleiro das Trevas de Nolan já havia feito isso anteriormente. A diferença é que a Marvel não abriu mão do fantástico que permeia o mundo dos super-heróis, afinal eles vivem numa realidade que se assemelha a nossa, sempre foi assim nas paginas de HQs, não soa como novidade e não é o ponto fundamental, o que se destaca é a forma como o roteiro é trabalhado, mérito de Christopher Markus e Stephen McFeely, acrescentando novos elementos sem deixar de lado o que a Marvel já havia consagrado nas telas, bom humor e ação nas doses certas, mesmo com alguns deslizes em produções recentes.
O elenco está primoroso, Chris Evans passa aquela aura de um homem deslocado do seu tempo e com um olhar de certa forma ingênuo tentando se adaptar a tempos de puro cinismo onde honestidade e ética parecem coisas de museu. Contudo Rogers mostra que muito mais que o soro do super soldado o que o define como herói é o seu caráter inquebrantável diante das adversidades, a Viúva Negra de Scarlett Johansson ganha peso na trama e é o contraponto certo para o Capitão América, além de deslumbrante em cena, mostra um lado mais humano também, além de uma leve tensão sexual entre os dois, sem contar que finalmente usa os seus ferrões em ação.
Samuel L. Jackson (Nick Fury) funciona bem como sempre, contudo o destaque fica para Robert Redford (Alexander Pierce) que se mostra bem à vontade neste tipo de produção e empresta credibilidade a seu personagem, fundamental à trama, reforça a aura setentista de thriller de espionagem. O Falcão de Anthony Mackie esta perfeito, com o visual da versão Ultimates e a essência do personagem da linha clássica da Marvel, é o sidekick que o Capitão América precisava, com tiradas bem humoradas tem a visão de um soldado, o que o aproxima instantaneamente de Rogers, é a mesma sensação de quando encontramos alguém que não conhecemos, mas que curte quadrinhos e surge um elo rapidamente parecendo amigos de longa data. Agente 13 (Emily VanCamp) e Maria Hill (Cobie Smulders) aprecem pouco, mas reforçam a sensação de imersão no Universo Marvel, além de inúmeras outras aparições como Peggy Carter (Hayley Atwell), Arnim Zola (Toby Jones), Howard Stark (Dominic Cooper) e várias outras referencias espalhadas durante a projeção.
Henry Jackman (Kick-Ass: Quebrando Tudo, X-Men: Primeira Classe, Capitão Phillips) nos traz uma trilha sonora sensacional, frenética e intensa, que faz você ficar grudado na poltrona nas cenas de ação e nos momentos mais calmos cria um ambiente contemplativo para trama.
Mas afinal o nome do filme não é CA 2: O Soldado Invernal, por que não se falou dele ate agora? Bem o Soldado Invernal (Sebastian Stan) entra naquela categoria de personagens que de tão bem caracterizados parecem ter saído direto das paginas de quadrinhos, apesar de limitado pelo roteiro tem uma presença de tela tão poderosa que confere credibilidade mesmo quase sem falas, sua força imagética nos coloca numa posição muitas vezes onde nos pegamos quase que torcendo por ele. As cenas de combate com o Capitão América são adrenalina pura, o pensamento recorrente é: “porra eu queria ser este cara, foda, eu queria ser este cara”. Meu amigo se você lê quadrinhos não tem como resistir a este tipo de pensamento escapista quando se vê o Soldado invernal em ação…
Agora vamos falar dos maestros deste filme, que já figura facilmente entre os melhores de todos os tempos no que diz respeito a adaptações de super-heróis. Joe e Anthony Russo são a resposta que a Marvel precisava, o reforço no time que agora conta não só com Joss Whedon, mostrando que é possível fazer uma obra que beba na fonte dos quadrinhos e que seja cinema de primeira qualidade. Com isso a Marvel mais uma vez mostra que o seu universo cinematográfico esta em franca expansão e promete trazer muito mais diversão aos fãs nos próximos anos…
Poderia ficar falando horas sobre CA 2: O Soldado Invernal, é um filme excelente além de apontar para novos caminhos do Universo Marvel nas telas, sedimenta a pertinência entre as mídias mais que nunca, e influencia todas as obras vindouras no cinema, como também a série de tv Agents of S.H.I.E.L.D. e as já tão aguardadas séries do Netflix para internet.
Que venha Guardiões da Galaxia, o filme que é uma verdadeira incógnita, mas que tem tudo para ser o ponto de partida para adentrarmos de vez todo o universo cósmico da Marvel.
As tradicionais cenas pós-crédito estão lá, são duas e uma delas e de arrepiar, fique até tudo acabar…
Para dizer que não encontrei um único ponto negativo no filme, o 3D se mostra desnecessário mais uma vez.
Ficha Técnica
2014 • cor • 136 min
Direção: Anthony e Joe Russo
Produção: Kevin Feige
Roteiro: Christopher Markus e Stephen McFeely.
Elenco: Chris Evans, Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Cobie Smulders, Frank Grillo, Emily VanCamp, Hayley Atwell, Robert Redford, Samuel L. Jackson.
Gênero: Ação/Aventura/Ficção científica
Idioma: Inglês
Estúdio: Marvel Studios
[divider]DADOS NO IMDB[/divider]
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Sobre o Autor
É Bacharel em Psicologia, porém optou por sua grande paixão trabalhando como ilustrador e quadrinhista. É sócio do Pencil Blue Studio e Ponto Zero, podendo assim viver e falar do que gosta: quadrinhos, cinema, séries de TV e literatura.