Philip K. Dick (PKD) dispensa apresentações e suas obras também. Ganhador de vários prêmios ao longo de sua carreira como escritor, PKD elevou o patamar dos romances ficcionais com seu espetacular O Homem do Castelo Alto, livro ganhador, entre outros, dos prêmios Hugo e Nebula.
Com temas complexos e narrativas intrincadas, as obras do escritor tinham sempre uma abordagem da realidade de forma dúbia, subjetiva e metafísica, colocando a percepção humana de seus personagens do que se convencionou chamar de realidade em dúvidas constantes.
Recentemente toda a obra do escritor, já lançada pela Editora Aleph, começou a ser reeditada com novo e elaborado projeto gráfico pela mesma Aleph que, recentemente, anunciou o relançamento do livro Valis (compre AQUI), talvez a mais complexa e intrincada obra de PDK.
Um de suas últimas obras, Valis foi lançado originalmente em 1981 e é uma intensa e viajante metáfora da visão de PDK sobre si mesmo e sobre as alucinações do mundo ao seu redor.
Narrado em primeira pessoa por Horselover Fat (uma brincadeira com o nome do autor), que nada mais é que seu próprio alterego, ou seu próprio ego, não arrisco dizer nada sobre PKD e Valis como verdade absoluta.
Como um tipo de relato em busca de compreensão, Valis é uma representação de PDK sobre o universo, sua criação e os responsáveis por ela de algum modo.
A única certeza sobre Valis é que trata-se de um obra extremamente complexa e intrincada em si mesma, o que se potencializa ainda mais com o fato de que narrador, personagem e autor se entrelaçam mutuamente e deixam a cargo do leitor entender (se é que é possível) Valis ao seu bel prazer como sendo uma experiência real do autor, do personagem, do narrador ou apenas mais um dos muitos truques que a “realidade”, essa meretriz, prega em todos nós o tempo todo.
Devido ao seu histórico com as drogas, não é de se estranhar que seu tema sobre a percepção sensorial sempre foi recorrente nos textos de PDk e em Valis isso parece ter sido potencializado ao extremo, só que dessa vez através de um momento de epifania do autor que tenta, a todo custo, entender esse momento e nos transmiti-lo de algum modo através do livro.
A tarefe não foi fácil, não é fácil, pode ser fácil, depende muito da “realidade” que o leitor quer encontrar no texto, texto esse, diga-se de passagem, assustador para os não iniciados na obra do autor, cujas brincadeiras narrativas e com o tempo-espaço só encontram rivalidade com os magníficos textos do argentino Jorge Luis Borges
Longe de ser um sci-fi tradicional, Valis integra a última parte da carreira do autor que faleceu em 1982. Tecnicamente Valis é parte de uma trilogia cuja última parte não chegou a ser finalizada e só chegou a sair como obra póstuma.
Parte ensaio, parte ficção, parte romance, parte confissão, Valis é uma das mais emblemáticas obras a utilizar o recurso da metalinguagem nos últimos anos. Esgotado há uns bons anos desde seu lançamento em 2007, a reedição da Aleph e o novo tratamento gráfico para uniformizar a obra de PDK como coleção só vem enriquecer ainda mais o catálogo da editora e claro, oportunizar os fãs do escritor e de sci-fi em geral chance de reler/ler esse material que eleva o diálogo do autor com seus mais caros temas desde suas primeiras obras.
A “realidade consensual” agradece o alento da publicação…
Valis | Release pela Aleph
A vida de Horselover Fat sempre foi repleta de paranoia e episódios depressivos. Apesar de tentar ajudar os amigos, nunca obteve muito sucesso. Presa de sentimentos confusos e pensamentos intrincados, ele ocasionalmente flertava com a ideia do suicídio.
Mas tudo muda quando Fat (ou Phil, a distinção nem sempre é clara) é atingido por um intenso feixe de luz rosa. A partir de então, dá início a uma verdadeira jornada pessoal para entender o que aconteceu: se foi um momento de loucura ou se, de fato, uma entidade divina se revelou para mostrar-lhe a verdadeira natureza do mundo.
Transitando entre a mística religiosa, o gnosticismo e a tecnologia extraterrestre, Fat sai em busca de um messias reencarnado que já teria passado pela Terra e acaba percebendo que as fronteiras da realidade começam a ficar cada vez mais difusas.
Um dos últimos livros escritos por Philip K. Dick, Valis espelha o conjunto de experiências e ideais teológicos do autor. Sua narrativa quase autobiográfica, repleta de digressões filosóficas e religiosas, é leitura absolutamente essencial para compreender a visão de mundo de um dos mais geniais escritores de ficção do século 20.Extra
Esta edição, exclusiva no mundo, inclui o quadrinho “A Experiência Religiosa de Philip K. Dick”, criado em 1986 por Robert Crumb. Nele, o cultuado e controverso artista gráfico narra a experiência mística vivida por Dick que deu origem a Valis.
Valis | Dados Técnicos
- ISBN: 978-85-7657-177-3
- Tradução: Fábio Fernandes
- Edição: 2ª
- Ano: 2014
- Número de páginas: 312
- Acabamento: Brochura
- Formato: 14x21cm
- Peso: 0,400kg
Sobre o Autor
Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.