Abrindo os trabalhos da coluna A Cena é…, ninguém mais ninguém menos que ele, o Demônio da Cozinha do Inferno, o vigilante cego Demolidor. Na crista da onda e criando uma legião de novos fãs para o personagem, a série Marvel Daredevil do serviço por streaming Netflix foi uma grata surpresa tanto para esses novatos quanto para os fãs das antigas do personagem nas HQs.
Não foi por acaso o sucesso. O trabalho da produção de Demolidor foi feito com esmero, qualidade e acima de tudo, focado em contar uma boa história utilizando um personagem de quadrinhos.
Sem super-poderes e com uma pegada bem urbana e violenta, o seriado mostrou o personagem no início de suas atividades de vigilante, ainda com seu traje negro caseiro, com uma abordagem mais crua e até irresponsável no combate ao crime organizado, sobretudo na forma do poderoso mafioso Wilson Fisk e sua sede por poder.
Com elenco afinado, diálogos bem redigidos e filmados com ótima fotografia e enquadramentos intimistas, Demolidor ganhou contornos bem definidos, uma atmosfera escura, sombria em que o caos urbano, questões sociais e conflitos éticos e morais permeavam constantemente as ações tanto do herói quando de todos ao seu redor, sejam os amigos ou inimigos.
Mas a cereja do bolo estava mesmo nas ótimas cenas de luta, na ação crua e direta dos socos, chutes e tiroteios presentes nos episódios da atração. Mesmo situado no chamado Universo Marvel Cinematográfico (UMC), DD se mostrou o filho adulto da casa das ideias dentro do segmento da Netflix, deixando os tons coloridos de lado, os aliens e deuses estão ali em segundo plano, são citados e todos sabem disso, mas DD está mais próximo de nós e com os dois pés fincados no chão, por isso cai na porrada, senta o braço e esguicha boas doses de sangue por episódio, seja o seu sangue ou o de seus adversários.
A Cena
Com toda essa ação e porradaria, quem deixou muito fã boquiaberto foi a espetacular sequência em que Matt Murdock precisa resgatar um garoto sob poder da máfia russa; ferido por conta de ações anteriores, Matt invade o covil dos bandidos de forma imprudente e sem planejamento… O resultado é uma espetacular sequência de luta entre o vigilante cego e capangas de guarda. A câmera acompanha tudo ali, como se nós mesmos estivéssemos observando aquela bagunça generalizada que está em pleno curso.
Justamente essa aparência de crueza e brutalidade imprudente dão todo o charme para a cena… esqueça o balé de Matrix e dos filmes orientais com seus saltos e coreografias ensaiadíssimas: aqui é soco, chute, ponta-pé, cabeçada, cotovelada, empurrão, porta quebrada, nariz também… e mais chute e soco de forma bruta e descordenada, onde acertar é lucro e nesse caos a cena se monta belíssima em seu próprio ritmo. Ao final só Matt está de pé, todo arrebentado devido à sua imprudência e falta de planejamento, mas com o garoto sob sua proteção, o herói arrisca irresponsavelmente sua própria vida em prol do outro.
Bom, tem mais nada para dizer, se você já prestigiou a primeira temporada de Demolidor e se deliciou com a cena, reveja aqui… se você está chegando agora, puxe a cadeira, sente-se e aproveite o espetáculo conosco.
Dados no IMDB
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Sobre o Autor
Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.