Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, 2016). / Direção: James Bobin. / Elenco: Mia Wasikoswka, Anne Hathaway, Johnny Depp, Helena Bonham Carter.
Antes de tudo, permitam-me que eu me apresente. Sou Igor Cícero, tenho 25 anos, sou formado em Publicidade e Propaganda pela UNAMA; amo metáforas, semiótica, cinema, músicas, livros, enfim, a cultura pop. A partir de hoje, estarei com vocês compartilhando a minha percepção acerca dos componentes dessa cultura. Espero que nos tornemos bons amigos também (risos). Enfim, vamos ao que interessa.
Em meados de 2010, a Disney entrou em uma fase de produção com versões live-action de seus maiores clássicos infantis. O primeiro da lista é Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010).
O longa conta a história do retorno de Alice (Mia Wasikowska) ao país das Maravilhas quando ela tinha 19 anos, nos dando uma ideia de continuidade com o longa em animação de mesmo título de 1951.
Duas coisas em comum nos recentes live-action da Disney são a releitura e as referências, há ainda uma terceira particularidade que é certo foco nas origens. Como vimos em Malévola (Maleficent, 2014) em suas motivações para se tornar uma criatura amargurada. E vagamente com a madrasta de Cinderela (Cinderella, 2015) em um breve diálogo da vilã com a protagonista. Tornando, assim, os personagens humanamente reais.
Em Alice Através do Espelho (Alice Through the Looking Glass, 2016), temos algumas bases fundamentais que sustentam a trama no estilo Disney de ser: Apreço, intrepidez e uma boa e velha reflexão.
A intrepidez de Alice nunca esteve tão evidente. Após os acontecimentos do primeiro filme, passaram-se três anos, e Alice se torna capitã do navio herdado do seu falecido pai, o Maravilha. E é nesse momento que vemos toda a força de Alice como uma mulher independente, ousada e a frente do seu tempo.
O foco do filme não é em Alice encontrar o amor de um príncipe encantado, apesar da presença de James Harcourt (Ed Speelers) dar indícios de interesse amoroso na jovem. Na verdade, contemplamos uma moça sonhadora que não tem medo de viajar pelo mundo a bordo de seu navio. Sua personalidade peculiar para a sua época compõe o traço mais marcante de seu perfil de heroína e não propriamente o de princesa Disney.
O filme quase não tem suspense. Por isso, não demora nem 15 minutos para Alice (Mia Wasikowska) retornar ao país das Maravilhas por um chamado da Lagarta Azul/Absolem (dublada por Alan Rickman em seu último trabalho) que a guia até um espelho mágico na casa de Hamish (Leo Bill), personagem chato que estaria prometido para Alice no primeiro filme.
Quando enfim atravessa o espelho e chega ao país das Maravilhas, ela reencontra com seus demais amigos, Rainha Branca (Anne Hathaway), os irmãos Tweedledum e Tweedledee (Matt Lucas), Coelho Branco (Michael Sheen), A Lebre de Março (Paul Whitehouse), Dourmouse (Barbara Windsor), Bloodhound (Timothy Spall); e descobre que o seu melhor amigo, o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) corre o risco de morte por uma lembrança que muito o abala emocionalmente e que envolve toda a trama. É aí que temos a questão da amizade, do apreço; quando Alice não mede esforços para ajudar o amigo a resolver seu problema.
O Tempo (Sasha Baron Cohen) “encarnado” é um dos novos personagens. Creio que é a figura mais filosófica do filme. Sua presença vai abordar todas as nossas frustrações como humanos a respeito do tempo. Aquela nossa vontade de mudar alguma coisa no passado, de evitar que certas coisas desagradáveis nos aconteçam, da sensação de controle, de reviver dias felizes, enfim, a lista segue. Nele está toda a reflexão do filme e devo dizer que o mesmo gira em sua função.
O Tempo é apaixonado pela Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter), e claro que ela tenta tirar proveito disso. Falando em Rainha Vermelha, é com ela mesmo que daremos uma volta no passado para descobrir as origens do seu rancor pela irmã, a Rainha Branca.
James Bobin, o diretor do filme; manteve o estilo de Tim Burton que dirigiu a primeira parte do filme lançada em 2010. Nota-se a mesma presença de cores, efeitos especiais e comoção. Certamente a ideia de dar continuidade literal estava nos planos, ainda mais que a roteirista Linda Woolverton permaneceu na produção do longa.
Em suma, Alice Através do Espelho vale a experiência. Todos temos algo para encontrar lá.
Alice Através do Espelho | Trailer
Sobre o Autor
Publicitário, estudante de jornalismo e aspirante a artista. Ama passar o dia com o fone de ouvido, ir ao cinema e andar pela Doca de Souza Franco como se não houvesse amanhã. É Marvete e DCnauta pois, aproveita de tudo.