Ransom Riggs, o autor de “O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” é formado em literatura inglesa pela Kanyon College. Além de escritor, ele também é cineasta, colecionador de fotografias — um fato que vai fazer muito sentido na sua obra — e familiarizado com histórias de suspense e terror. Riggs concluiu a saga de Miss Peregrine com mais dois livros: “Cidade dos Etéreos” (2016) e “Biblioteca de Almas” (2016).
Um spin-off entitulado “Contos Peculiares” (2016) também foi lançado — para detalhar algumas fábulas que a Srta. Peregrine costuma contar para os seus protegidos.
[divider]A História[/divider]
A história começa com um prólogo em que nos são apresentados os dois personagens mais importantes da história: Abraham Portman (o avô) e Jacob Portman (o neto). A relação dos dois é aquela típica de avós e netos em que há muitas histórias para serem compartilhadas, principalmente por parte de Abraham que era judeu e viveu os horrores da 2ª Guerra — onde perdeu a família — e foi acolhido por Alma Peregrine para viver em seu lar para crianças com habilidades especiais — sim, Abraham também era peculiar — deixando este lugar em breve para se estabelecer nos Estados Unidos.
Jacob ficava fascinado ao ouvir as lembranças sobre esse lugar maravilhoso do qual o avô dizia que vivera na infância. Mas, como toda criança, ele cresce e começa a duvidar da veracidade da existência desse lugar tão incrível. Perto de completar seus 16 anos, o rapaz vive um dos piores dramas de sua vida: a morte do avô. Abraham fora assassinado por uma criatura da qual Jacob nunca tinha visto igual — ele encontrou o avô ainda com vida.
A morte do avô foi um abalo muito grande na vida de Jacob e, seus pais acharam melhor procurar ajuda psiquiátrica para o rapaz, que estava tendo visões, pesadelos e não conseguia esquecer as últimas palavras do avô que o dava dicas de como encontrar os peculiares — uma coisa que embaralhou ainda mais a sua mente. Autorizado pelo seu psiquiatra Dr. Golan e movido por uma extrema curiosidade em conhecer a tal casa que o avô vivera na infância. Jacob parte com o pai para o País de Gales, especificamente para uma ilha chamada Cairnholm.
Ao chegar na ilha, ele descobre que a casa da Srta. Peregrine havia sido bombardeada durante a guerra, restando apenas ruínas — onde ele busca por informações. Quase sem esperança e quando menos espera, Jacob enfim, consegue encontrar a tal entrada da fenda da qual o avô falava antes de morrer, e, assim, descobre que Abraham não estava louco e que ele muito menos, as crianças peculiares realmente existiam.
O suspense é uma característica profunda nesse livro, durante a leitura, por muitas vezes, eu achava que algo já estava prestes a acontecer e aquilo que eu esperava que acontecesse se estendia por mais algumas páginas.
A relação da Srta. Peregrine com as crianças é quase a mesma do Professor Xavier com os seus mutantes em “X-Men” — inclusive essa semelhança foi uma das coisas que me motivaram a ler esse livro. Outro detalhe importante é que, não existe “orfanato” — apesar dessa ideia fazer sentido —, a Srta. Peregrine é uma ymbryne, normalmente as ymbrynes se transformam em aves, a Srta. Peregrine, por exemplo, se transforma em um falcão peregrino, e elas têm a responsabilidade de cuidar e proteger os peculiares desamparados, tanto do que poderiam passar em nosso mundo quanto das ameaças do seu próprio mundo. Logo, o termo mais correto seria “lar” mesmo.
Inclusive, isso rendeu algumas discussões nas redes sociais recentemente, pois, a primeira edição da trilogia foi impressa pela editora LeYa com o título: “O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares” ao passo que as duas continuações foram publicadas pela editora Intrínseca: “O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares: Cidade dos Etéreos” — que manteve o “Orfanato” — e o último “O Lar da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares: Biblioteca de Almas” — que já foi publicado com o termo “Lar”. A Intrínseca informou que agora possui os direitos da saga inteira e irá republicar o primeiro livro que deve sair em novembro (com capa dura).
Os peculiares são encantadores, os primeiros que conhecemos no livro são Emma (capaz de controlar o fogo) e Millard (que é invisível) Assim como X-Men (sim, lá vem eu com essa referência de novo), cada um possui uma personalidade tão única quanto as suas habilidades especiais. Uma das coisas que mais chamam a atenção no livro são as fotos “dos peculiares” — que lembram muito o conteúdo da deep web. As fotos foram emprestadas por vários colecionadores e algumas foram manipuladas para ilustrar os talentos dos personagens ou só para nos dar uns arrepios aqui e ali.
A forma como surgem os vilões que se dividem entre etéreos e acólitos foi uma das partes que mais me chocou — além de ser interessante, é totalmente condizente. O desfecho, apesar de levemente poético, deixa uma sensação absurda de “acaba aqui mesmo?”, pois em um instante me vi muito agitado e envolvido e de um segundo pro outro o livro estava acabando; fato que só a existência de duas continuações pode justificar — não, não estou dizendo que o final é ruim (risos).
Como uma trilogia, o primeiro cumpre seu dever em nos iniciar no “mundo peculiar”, nos apresentando os personagens, a maior parte dos segredos que precisamos saber, enfim. O Orfanato da Srta. Peregrine é uma história de auto-descoberta, de aventura, de suspense, de amizade e de muita fantasia.
[divider]Adaptação Cinematográfica[/divider]
A Fox — que possui os direitos da obra —, estará lançando nesta quinta-feira (dia 29) a adaptação cinematográfica do primeiro livro com o título de “O Lar das Crianças Peculiares” com Eva Green como Srta. Peregrine; Asa Butterfield como Jacob Portman e Ella Purnell como Emma Bloom. O filme foi dirigido por ninguém mais, ninguém menos do que Tim Burton — absolutamente tudo a ver com ele — e ainda conta com o próprio Ransom Riggs como um dos roteiristas. Por isso, vamos analisar as mudanças filme x livro — que já identifiquei só no trailer — com carinho (risos).
[divider]Adaptação Cinematográfica[/divider]
RIGGS, Ransom. O Orfanato da Srta. Peregrine Para Crianças Peculiares. (São Paulo: LeYa, 2012), edição Kindle.
Sobre o Autor
Publicitário, estudante de jornalismo e aspirante a artista. Ama passar o dia com o fone de ouvido, ir ao cinema e andar pela Doca de Souza Franco como se não houvesse amanhã. É Marvete e DCnauta pois, aproveita de tudo.