PZ ENTREVISTA | FABIO ALVES CRIADOR DO PROJETO JOE UMBRAL

Nós do Ponto Zero sempre nos preocupamos em incentivar a produção nacional de HQs, quem nos acompanha nesta jornada sabe que vira e mexe indicamos algum material que esteja no Catarse ou que nos tenha sido enviado pelo autor, resenhamos algo que tivemos a oportunidade de ler  ou entrevistamos algum autor, participando assim do fortalecimento, crescimento e consolidação do almejado mercado nacional.

[dropcap size=small]D[/dropcap]esta vez surgiu uma oportunidade mais que especial, um amigo começa sua jornada no mundo da produção autoral de quadrinhos, Fabio Alves e o seu fantástico Joe Umbral, projeto que tive a oportunidade de colaborar em alguns estágios de seu desenvolvimento e posso de antemão afirmar que é muito bom e vale ser conhecido.

Joe Umbral esta saindo pelo Social Comics, e vamos conhecer agora um pouco mais sobre a obra e seu autor.

Boa Leitura!

Ponto Zero: Salve Fabio! Que tal começarmos por um breve resumo de sua trajetória até chegar à criação de Joe Umbral?

fabio alves criador do projeto joe umbral
Fabio Alves

Fabio Alves: Olá, Jorge. Passei cerca de dez anos sem ter contato algum com desenhos, até que comecei a trabalhar como tatuador e ocasionalmente, com artes plásticas. Daí eu recomecei a manter certo contato com quadrinhos e decidi fazer algo que gostaria de ler e desenhar. Creio que desde quando comecei a me interessar por temas relacionados ao hermetismo que pensei em algo que explore estas questões.

Ponto Zero: O que podemos esperar do universo Joe Umbral?

Fabio Alves: A primeira história é simbólica. Logo, as seguintes vão se passar aqui no Brasil e em outras partes do mundo. O plano inicial é que não exista um personagem central e cenário fixo. Quero trabalhar sobre histórias relacionadas a experiências com projeção astral, ocultismo, folclore, teorias da conspiração e explorar o universo do rpg Trevas criado por Marcelo Del Debbio, que também me cedeu um conteúdo inédito. Quero abrir a possibilidade de desenhar relatos ou histórias criadas por leitores.

Ponto Zero: Super-Heróis são um tabu, como tu avalias a produção deste tipo de conteúdo aqui no Brasil, tens algum projeto neste segmento?

Fabio Alves: Particularmente, eu não me interesso por super-heróis, com raríssimas exceções. Gosto da mente doentia do Mark Millar e de caras como Grant Morrison e claro, Alan Moore. Acho que gosto mais dos anti-heróis e personagens pulp. Infelizmente, eu não vejo muita coisa que realmente desperte o meu interesse. Há um trabalho recente que está sendo produzido no Brasil, que vou ler e tirar as minhas conclusões. A princípio, me parece interessante. Não tenho planos para fazer algo nos moldes convencionais dos super-heróis.

Ponto Zero: Atualmente questões que se tornaram de suma importância são a diversidade e representatividade no meio dos quadrinhos, como trabalhar com isso sem se tornar caricato ou panfletário?

Fabio Alves: É impossível agradar a todo mundo. Creio que não exista unanimidade em nenhuma expressão artística. Assim como acho que é uma linha tão tênue, que seria pretensão minha opinar. A obra autoral é um reflexo do universo do artista. Antes, eu pensava que trabalhar com arte sinonimizava tolerância e vanguarda. Hoje, graças as redes sociais, eu desfiz essa fantasia. Vejo artistas talentosos com um discurso aterrador e intransigente, típico dos pretensos donos da verdade. O problema não é ser panfletário, mas ser radical e estúpido.

Ponto Zero: Existe uma grande polêmica no que diz respeito a artistas que trabalham com arte digital e programas que auxiliam na produção das HQs como SketchUp e Poser Pro. Alguns artistas que trabalham com os métodos tradicionais desdenham destas ferramentas e de quem as usa. Como encaras este tipo de discussão?

Fabio Alves: Para mim o que importa é resultado. Existem artistas que trabalham de forma tradicional que não curto e outros de quem sou fã. Da mesma forma que existem artistas que usam esses recursos e gosto muito, como outros que não gosto nada.

Ponto Zero: Fazendo uma análise do crescimento da produção e lançamentos de HQs nacionais nos últimos anos estamos rumando para o almejado mercado?

Fabio Alves: Pelo que se percebe há um crescimento na produção, graças a expansão digital e financiamento coletivo. Não sei se estamos rumando exatamente para o almejado mercado, mas que está melhor do que antes está. Espero que evolua.

Ponto Zero: Como está o setor para os profissionais, é possível tirar uma renda digna, ou no caso o mercado internacional ainda é o melhor caminho para se consolidar uma carreira obter reconhecimento e uma boa remuneração?

Fabio Alves: Com base na minha experiência, ainda é cedo para falar com precisão. Mas no aspecto monetário, eu ainda acho que o mercado internacional é o caminho mais viável.

Ponto Zero: O Catarse de uns anos pra cá se tornou a nova casa do produtor nacional, Como analisas esta plataforma, e suas similares, o que o crowdfunding esta trazendo de benefícios reais, podemos aguardar Joe Umbral no Catarse?

Fabio Alves: Li outro dia que Alan Moore disse que “a revolução virá do crowdfunding”. Acho que o maior benefício para o leitor está no quesito originalidade e para o artista está na alternativa e possibilidade de publicar seu material autoral. O plano é lançar Joe Umbral, no catarse.

Ponto Zero: Uma tendência no lançamento de quadrinhos que tomou o meio editorial foi a aposta nos encadernados e edições de luxo, mesmo no Catarse, a grande maioria dos projetos vem seguindo este padrão de edições luxuosas e caras. Será que os produtores estão investindo muito em qualidade gráfica e abandonando a publicação de produtos mais acessíveis ao grande publico?

Fabio Alves: Gosto das edições com tratamento refinando, mas acho que seria interessante como estratégia de mercado lançar algo mais acessível também. Até para gerar um consumo maior.

Ponto Zero: O Social Comics é a promessa de uma nova forma de comercializar quadrinhos e trazer monetização ao meio de produtores de HQs e o melhor, parece solucionar um antigo “bicho papão” da produção nacional já que burlam a famigerada distribuição, qual sua avaliação desta plataforma?

Fabio Alves: Eu acho uma excelente alternativa. Espero que evolua constantemente.

Ponto Zero: Muitas comic shops americanas tradicionais estão fechando as portas nos últimos anos, talvez apontando para uma defasagem deste modelo de vendas físicas. No Brasil ainda temos bancas de jornal resistindo as mudanças mesmo com o problema da distribuição estão ai vendendo HQs. Como tu analisas este embate entre revistas físicas e digitais?

Fabio Alves: Acho que vivemos numa época na qual isso tende a coexistir, com variações esporádicas.

Ponto Zero: Formação de público leitor é uma preocupação sua agora que estas te lançando como autor, você tem algum projeto nesta área?

Fabio Alves: Eu ainda estou mensurando a formação do público leitor para a proposta do Joe Umbral. Espero colher bons resultados e dar continuidade a ideia de trabalhar com algo que gosto e dar a minha pequena contribuição aos quadrinhos brasileiros e outras mídias também.

Ponto Zero: CCXP, FIQ e outros eventos que estão surgindo no cenário nacional movimentam bastante público. Qual sua relação com este meio, já participou de algum destes formatos, e quais seriam os formatos mais rentáveis, bienais ou comic cons, para os autores e editoras independentes?

Fabio Alves: Fui na FIQ, anos atrás, mas como fanboy, não tinha nada em mente quanto a uma produção autoral. Creio que os indies têm que estar em todos esses eventos.

Ponto Zero: Fabio sua mensagem aos aspirantes que querem se profissionalizar e ingressar como produtores de quadrinhos nacionais?

Fabio Alves: Eu estou apenas começando a caminhada e o horizonte ainda não está devidamente materializado. Então, aos que têm a mesma pretensão: sigam em frente e realizem a sua Verdadeira Vontade.

[divider]O Projeto[/divider]

Josué, um imigrante brasileiro na Inglaterra, que tem a sua percepção ampliada e destino conduzido aos caminhos do hermetismo, após uma experiência de quase morte.

Link Social Comics:

fabio alves criador do projeto joe umbral

https://www.socialcomics.com.br/joeumbral-portugues/2

Curta Metragem Joe Umbral

Uma experiência que evoca a nostalgia idílica dos antigos carnavais  por meio de uma projeção consciencial.

 

Sobre o Autor

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É Bacharel em Psicologia, porém optou por sua grande paixão trabalhando como ilustrador e quadrinhista. É sócio do Pencil Blue Studio e Ponto Zero, podendo assim viver e falar do que gosta: quadrinhos, cinema, séries de TV e literatura.

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