Doutor Estranho (Doctor Strange, 2016) / Direção: Scott Derrickson / Roteiro: Jon Spaihts; Scott Derrickson / Elenco: Benedict Cumberbatch; Tilda Swinton; Chiwetel Ejiofor; Rachel McAdams; Mads Mikkelsen; Benedict Wong.
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Imagine-se, por um momento, atravessando um portal ou uma porta que o leve à Londres em fração de segundos. Agora, imagine a sua cidade se dobrando acima da sua cabeça, formando uma espécie de caleidoscópio, isso mesmo que você acabou de ler (risos). É nessa estrutura psicodélica e mistica que forma-se o universo de “Doutor Estranho“, o último lançamento do Marvel Studios em 2016.
O filme inicia com Kaecilius (Mads Mikkelsen), o vilão — que acha que está fazendo a coisa certa — e seu bando roubando as páginas de um ritual proibido — no Kamar-Taj (lugar onde Stephen aprenderá sobre as artes místicas e sobre a reestruturação espiritual) — para contatar uma entidade chamada Dormammu e conseguir a vida eterna da qual ele promete. Durante o roubo, Kaecilius é abordado pela Anciã (Tilda Swinton) sua ex-mentora, que o reprova. Nesta mesma sequência, já temos o primeiro combate em que a magia é explorada — e os efeitos visuais também.
Benedict Cumberbatch vive Stephen Strange, um neurocirurgião arrogante que é surpreendentemente muito bom no que faz. Ele reside na cidade de Nova York, um detalhe importante de ser citado, pois, há uma preocupação significativa do diretor em mostrar ao telespectador que há uma conexão com os demais personagens da Marvel que já compõem o Universo Cinematográfico do Studio, a Torre dos Vingadores, por exemplo, aparece várias vezes durante as tomadas aéreas da cidade — os fãs piram.
O filme se desenrola de forma acelerada — mas não peca — ao nos mostrar o comportamento de Strange em vista dos seus relacionamentos com as pessoas no hospital: o caso amoroso que aparentemente não deu muito certo com Christine Palmer (Rachel McAdams) e com os demais membros da equipe médica, que ele parece fazer questão de se considerar superior.
Na noite em que discursaria em um evento de medicina, Stephen dirigia e falava ao celular com outro médico que o informava sobre seus próximos pacientes — um dos possíveis futuros pacientes seria o Máquina de Combate/James Rhodes (Don Cheadle) que fraturou a coluna em Guerra Civil (2016) — quando somos surpreendidos com o barulho surreal dos efeitos sonoros enquanto o carro de Strange capota até o seu limite e o painel do mesmo engole as suas mãos, esmagando-as.
Stephen acorda no hospital e entra em choque ao ver suas mãos, seus principais motivos de orgulho em função do trabalho, tão debilitadas. Ele gasta o que tem e o que não tem atrás de cura, passa por vários procedimentos cirúrgicos, alguns até experimentais mas, nada funciona.
Para lhe dar esperança e confronta-lo em sua arrogância, o médico/fisioterapeuta de Stephen fala de um homem chamado Pangborn (Benjamin Bratt), que havia feito fisioterapia para se curar de sua paraplegia mas desistiu por não encontrar melhora, e, após de um tempo, ele encontra o homem andando na rua como se nada o tivesse acontecido. Stephen vai atrás de Pangborn — que conta a ele como encontrou a cura em um lugar chamado Kamar-Taj.
Quase sem posses, Stephen usa o pouco dinheiro que tem comprando apenas uma passagem de ida para o Nepal afim de encontrar o Kamar-Taj, onde enfim conhece a Anciã e seu fiel discípulo Mordo (Chiwetel Ejiofor). Devido à postura de Strange, a Anciã, insegura, recusa-se a ajudá-lo com medo de que possa o perder para as trevas como aconteceu com Kaecilius, mas é convencida por Mordo a voltar atrás.
Stephen é iniciado no mundo místico — e no Universo Cinematográfico Marvel — de forma excepcional. O ex-neurocirurgião — agora Mago — mostra que nasceu para as artes místicas ao desenvolver suas experiências mágicas muito rápido e de forma exemplar: com a conquista da sua relíquia (a instável capa de levitação); através dos combates contra Kaecilius; da sua habilidade autodidata e curiosa, e, claro, da sua inteligência e perspicácia — evidentemente isso lhe dá vantagens contra os adversários.
Como de costume do Marvel Studios, o filme conta com duas cenas pós-crédito: uma delas, mostra o Doutor confiante com suas novas habilidades tendo uma conversa com ninguém menos do que Thor (Chris Hemsworth) — que pede a ajuda do mago para encontrar o pai, Odin (Anthony Hopkins) que está desaparecido —. Stephen concorda em ajudá-lo, o que sugere uma participação do Mago em “Thor: Ragnarok” que será lançado em 2017 — assim como o próprio crossover com os demais Vingadores em Guerra Infinita.
Já a segunda cena, é de Mordo retirando a magia de Pangborn, com a justificativa de que as leis naturais estão desequilibradas por conta dos magos que insistem em distorcê-la, dando o ponto de partida para ser um dos principais inimigos do Doutor Estranho.
As cenas estão completamente ligadas à proposta do filme em dar continuidade em explorar ainda mais o vasto desconhecido de outros mundos e da corrupção de Mordo, que é vista ainda no filme quando ele descobre que a Anciã também usa magia das trevas para conseguir permanecer viva, uma lei que ela quebrou em prol da humanidade, mas, inflexível, ele não entende a ação da mesma forma que ela e Strange.
O filme dirigido por Derrickson não decepciona; é muito competente em seu figurino de qualidade, na fotografia expressiva, na trilha sonora que acompanha o ritmo dos acontecimentos com maestria e, principalmente nos efeitos especiais (vejam em 3D, por favor).
Em pouco menos de duas horas, conseguimos entender a comparação entre o antes e o depois de um médico potencialmente arrogante para um homem com poderes e valores que acabam se tornando maiores do que ele próprio. Agora, o “Doutor Estranho” salva o mundo de uma forma ainda mais especial e ainda usando as suas mãos para tal.
Sobre o Autor
Publicitário, estudante de jornalismo e aspirante a artista. Ama passar o dia com o fone de ouvido, ir ao cinema e andar pela Doca de Souza Franco como se não houvesse amanhã. É Marvete e DCnauta pois, aproveita de tudo.