Especial | Alan Moore, o Mago das Histórias

Alan Moore nasceu em Northampton no dia 18 de novembro de 1953; os fãs de HQs de longa data dispensam qualquer apresentação ao velho mago, apelido que Moore recebeu há alguns anos devido ao seu grande domínio de temas relacionados as artes místicas, característica sempre presente de algum modo em suas obras.

Alan Moore se tornou mundialmente conhecido nos meados da década de 1980 quando passou a escrever para a editora DC Comics ao lado dos conterrâneos Neil Gaiman e Grant Morrison, na chamada “Invasão Britânica”. Mas é sempre bom ressaltar que seus trabalhos na revista britânica 2000 A.D (D.R. & Quinch, A Balada de Halo Jones e SKIZZ) já eram de qualidade e atributos inquestionáveis assim como sua passagem pela revista Warrior, onde criou duas de suas obras mais influentes fora do circuito americano: V de Vingança e Miracleman.

Alan Moore

Autodidata, Moore abandonou os estudos ainda muito cedo por não se enquadrar aos padrões e cerceamentos da educação formal. Com uma mente adiante de seu tempo e com uma percepção excepcional do mundo ao seu redor e da sociedade que se erguia através do proletariado britânico, Moore se assumiu definitivamente como anarquista em vários sentidos.

Inclusive essa persona anarquista de Moore se fez presente em muitos de seus personagens e textos, enriquecendo assim a narrativa das HQs escritas pelo autor (para os interessados nestes aspectos da vida do autor, recomendo o documentário The Mindscape of Alan Moore, abaixo).

Em seu leque de obras estão algumas das HQs mais importantes das indústria de quadrinhos. Com uma abordagem densa, detalhada, múltiplas camadas de significado, críticas sociais e políticas ao sistema e uma visão adulta dos super-heróis em muitos de seus trabalhos, Moore conquistou a atenção não só da crítica, mas acima de tudo de leitores que buscavam por essas abordagens mais profundas ou textos mais instigantes dentro dos quadrinhos.

Obras como A Liga Extraordinária, Watchmen, V de Vingança, Monstro do Pântano, A Piada Mortal, Miracleman e Do Inferno integram o leque primordial e obrigatório de trabalhos em HQs que são fundamentais para o fã de Moore e do segmento de quadrinhos como um todo, não só pela abordagem diferenciada, mas acima de tudo por serem obras pautadas por uma narrativa extremamente apurada e minuciosamente construída. Poucas são as obras que rivalizam com tanto cuidado e domínio de roteiro de quadrinhos como as obras de Moore.

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Alan Moore ao lado do amigo e conterrâneo Neil Gaiman, também uma das grandes mentes da atualidade.

Mas verdade seja dita, nenhum texto por mais completo que seja faz jus ao legado vivo de Alan Moore. Tudo que se diga é pouco, tudo que se analise ainda é superficial, seus métodos e abordagens não encontraram ainda um rival no segmento de HQs, exatamente por isso que o anúncio recente de sua aposentadoria ao jornal britânico The Guardian caiu como uma bomba sobre seus fãs ao redor do mundo (Veja o texto do The Guardian na integra AQUI).

De uma honestidade ímpar consigo mesmo e com os fãs, o escritor, cartunista e roteirista afirmou já ter feito o seu melhor para as HQs:

“Eu acho que fiz o suficiente para quadrinhos. Eu fiz tudo o que posso. Acho que se eu continuasse a trabalhar em quadrinhos, inevitavelmente as ideias iriam sofrer, inevitavelmente você começaria a me ver requentando um terreno antigo e eu acho que você e eu provavelmente merecemos algo melhor do que isso.” (tradução livre)

Mas calma, os fãs não estão órfãos da visão ímpar de Moore, a aposentadoria das HQs é para se focar mais em seus trabalhos literários e cinematográficos, além do mais, Moore afirmou que não vai parar assim do dia pra noite, ainda há trabalhos para concluir, incluindo-se aí um volume da Liga Extraordinária. E, se há alguma dúvida de que esse seria uma excelente rumo evolutivo, basta ler o espetacular A Voz do Fogo, romance de estreia de Alan Moore lançado em 1996 (veja nossa resenha do ótimo livro AQUI).

O aguardadíssimo Jerusalem em algum momento deve chegar ao Brasil… Aguardemos.

Além de tudo, em 2015 foi noticiado que a editora Companhia das Letras adquiriu os direitos de publicação do robustíssimo romance Jerusalém (veja notícia AQUI), obra que Moore vem escrevendo há anos. A data de lançamento inicial era prevista ainda para este ano de 2016, então ainda podemos aguardar alguma surpresa para os 45 do segundo tempo.

O leitor brasileiro, seja o fã de longa data ou o que quer se iniciar na brilhante bibliografia de Alan Moore pode recorrer a uma série de publicações de todo tipo, uma vez que a extensa obra de Moore foi publicada aqui em uma dezena de editoras desde a década de 1980.

ALGUMAS OBRAS DE ALAN MOORE LANÇADAS NO BRASIL

Alan Moore
Alan Moore e a esposa Melinda Gebbie

Muito, muito longe de qualquer possibilidade de de insinuar uma “lista fundamental de obras fundamentais”, meu intento aqui é dividir com o amigo leitor algumas das obras do escritor disponíveis de modo relativamente fácil ou ao menos relativamente acessível mediante uma busca criteriosa pela internet.

Com uma carreira extensa e com títulos divididos entre várias editoras, a ideia aqui foi arregimentar o que há de mais recente e importante publicado aqui em nosso país.

Claro, as obras indispensáveis para o fã veterano estão todas aí, não para fazer às vezes de “fundamentais” para estas pessoas, mas sim para nortear alguns de nossos amigos que chegaram aqui e a casa estava bagunçada.

Editora Abril, Via Lettera, Devir, Mythos, Pixel Media, Venetta e Panini são algumas das principais opções para se conseguir algumas das obras citadas.

Foco e parabéns para a Panini Comics que lidera com uma ótima quantidade dos títulos mais famosos do autor dentro do segmento de super-heróis com obras como A Piada Mortal, Watchmen, Miracleman e Tom Strong sendo encontradas facilmente em bancas e livrarias tanto físicas quanto virtuais.

A Balada de Halo Jones (Mythos)

Escrita por Moore e com arte de Ian Gibson, a HQ foi lançado no Brasil pela extinta Pandora Books há alguns anos em uma edição simples em capa cartonada, a qual ainda pode ser encontrada em sebos e lojas especializadas.

Recentemente a obra voltou para agraciar os leitores brasileiros em uma edição caprichada da Mythos Editora, o preço, claro, seguiu o novo acabamento e se tornou de luxo também. Item que eu particularmente considero indispensável na estante dos fãs por ser da fase do escritor na revista 2000 A.D.

A Liga Extraordinária (Devir)

Criada por Moore e Kevin O’Neill, trata-se de uma das obras mais completas e detalhadas da carreira do roteirista. A Liga Extraordinária vem há anos recebendo volumes adicionais que expandem a mitologia que Moore criou utilizando personagens clássicos da literatura como Mina Murray (de Drácula), Allan Quatermain (de As Minas do Rei Salomão), Mr. Hyde (de O Médico e o Monstro), Hawley Griffin (de O Homem Invisível) e o Capitão Nemo (de 20.000 léguas submarinas).

O leitor pode encontrar os vários volumes da Liga em diferentes lojas especializadas, agregadores de sebos on line como Estante Virtual ou Mercado Livre, haja vista que os primeiros volumes da HQ encontram-se esgotados na própria Devir, o que merece atenção urgente devido aos preços exorbitantes pedidos nesses volumes esgotados.

A Piada Mortal (Panini)

Talvez a obra mais polêmica de Alan Moore dentro do circuito mainstream. Sempre que é citada em discussões, a graphic novel que colocou Bárbara Gordon em uma cadeira de rodas trás à tona uma série de dúvidas, críticas e especulações desde seu lançamento, tudo em decorrência do intrincado e detalhadíssimo roteiro de Moore que tem altas doses de dubiedades e múltiplas percepções.

O Coringa de Alan Moore e Brian Bolland é considerado uma das melhores e mais doentias versões do personagem, tornando A Piada Mortal uma obra obrigatória para os fãs do Batman e de Alan Moore. Talvez essa seja a obra mais acessível em temor de disponibilidade, haja vista os vários relançamentos promovidos pela Panini Comics Brasil.

A Voz do Fogo (Veneta)

Primeiro romance em prosa de Alan Moore, A Voz do Fogo está disponível em duas edições, a primeira pela Conrad, ainda possível de se encontrar em sebos e sites de vendas como Mercado Livre; e a edição mais recente pertence à editora Venetta, a mesma que relançou Do Inferno em edição completíssima.

O livro é uma grande e mística viagem pelo passado da cidade natal do escritor, Northampton, misturando pesquisa histórica e ficção. A estreia de Moore na Literatura foi em grande estilo em um livro instigante, com escrita minuciosa e contos que ora se cruzam, ora se individualizam para montar o prisma da visão de Moore sobre sua cidade-mãe (mais uma vez, para quem quiser conhecer um pouco mais do livre, veja nossa resenha AQUI).

Alan Moore – o Mago Das Histórias (Mythos)

Obra biográfica fundamental para quem quer conhecer a vida de Alan Moore desde a infância até o auge de sua carreira como roteirista e escritor. Além da abordagem biográfica, os principais trabalhos de Moore são comentados e discutidos no livrão de 320 páginas e capa dura.

Escrito por Gary Spencer Millidge, com trabalho editorial de Levi Trindade e tradução de Alexandre Callari, a obra é facilmente encontrada nos sites das mega-livrarias como Saraiva e Amazon, além, claro, do site da própria Myths Editora.

Capitão Britânia – O Mundo Distorcido (Panini e Salvat)

Aqui o leitor pode conhecer a passagem do escritor britânico no título do seu conterrâneo Capitão Britânia em uma aventura por uma Inglaterra caótica que mistura misticismo e tecnologia.

Nessa coletânea o leitor tem duas opções, uma edição capa cartonada pela Panini e a edição da Salvat (capa preta), ambas com as mesmas histórias, com a diferença que a da Panini possui textos de contextualização para o leitor se ambientar. A arte está a cargo do sempre excelente Alan Davis.

Choques Futuristas (Mythos)

Coletânea de histórias curtas do começa da carreira de Alan Moore na 2000 A.D. Ao lado de outros grandes nomes também dando seus primeiros passos na mídia dos quadrinhos, Moore apresenta nessas histórias seu humor macabro e pessimista sobre o futuro de nossa espécie.

Ao todo dois volumes Choques Futuristas foram lançados e, posteriormente, reunidos em um único compilado. A edição da Mythos segue o padrão da editora: bonita e caro.

Do Inferno (Veneta)

Talvez a obra mais potente de Alan Moore, Do Inferno brinca com aspectos históricos e fictícios para contar a história do primeiro serial killer que se tem notícia: Jack, o estripador. Polêmico e detalhadíssimo, Do Inferno merece facilmente, ao lado de Watchmen, os títulos de obrigatórias e fundamentais.

A edição tijolão da Venetta, divulgada AQUI no PZ na ocasião de seu lançamento, está disponível nas mega-livrarias e no site da própria editora. Essa vale cada centavo e é possível sempre encontrá-la com bons descontos.

Lost Girl (Devir)

Alice, de Alice no País das Maravilhas; Dorothy Gale, de O Mágico de Oz; e Wendy Darling, de Peter Pan se encontram, já adultas, em um luxuoso hotel para confidenciar suas aventuras, no mínimo, inusitadas da juventude… é Alan Moore abordando mais uma vez clássicos personagens da literatura através da perspectiva adulta e do erotismo, um dos temas preferidos do autor quando se trata de trabalhos autorais fora do circuito das HQs de Super-heróis.

Nas belíssimas ilustrações está a esposa de Moore, a artista Melinda Gebbie, cujo trabalho merece facilmente esse título: Arte. Lost Girl está dividida em três volumes: Lost Girls Livro 1 – Meninas Crescidas, Lost Girls Livro 2 – As Terras do Nunca, Lost Girls Livro 3 – Grande E Terrivel, com um pouco de dedicação e cuidado com os preços, é possível conseguir os três volumes da excelente obra erótica.

Mago das Palavras. A Vida Extraordinária de Alan Moore (Marsupial)

Para os amantes de uma boa biografia, eis aqui a pedida. Escrito por Lance Parkin e com tradução do sempre competente Érico Assis, este livro é um excelente adendo ao catálogo da editora Marsupial, cujo trabalho vem trazendo ao país obras fora do circuitão mainstream pop-nerd.

Não tive a oportunidade de conferir o trabalho, mas pelas características me parece uma obra de potência, 448 páginas, e, mesmo que não fosse, dada a escassez de obras nesse sentido e para autores como Moore, sua simples existência já é uma ótimo indicativo e referência aos fãs.

Miracleman (Panini)

Criado pelo artista Mick Anglo em 1953, Marvelman só se tornaria Miracle anos depois de uma briga envolvendo os direitos de um título mensal utilizando a palavra Marvel… Mas passado o reboliço que em nada impedia a genialidade de Alan Moore de por as engrenagens para funcionar, Miracleman debutava em uma história sombria, seu alterego, Michael Moran, vivia uma vida comum e até banal, mas permeada pela presença de sonhos de um tempo onde tudo parecia ser uma grande aventura de faz de conta com super-heróis voando e combatendo vilões iguais aos de uma história em quadrinhos.

Começava assim o que é comumente considerado a primeira grande desconstrução do gênero dos super-heróis de histórias em quadrinhos. De tom sombrio e denso, Miracleman ganhou apreço da crítica e dos fãs de quadrinhos ao longo dos anos e, devido aos muitos problemas de direitos autorais envolvendo o personagem e suas publicações, acabou se tornando uma espécie de lenda entre os leitores do mundo todo.

Anos depois que tudo se resolveu, os direitos do personagem passaram para a poderosa Marvel Comics que relançou toda a fase de Alan Morre no comando do personagem; não por acaso este conteúdo está completo disponível para o leitor brasileiro na revista mensal Miracleman que durou 16 edições e mais uma edição anual. Agora os leitores aguardam ansioso pela próxima fase de Miracleman, a cargo do igualmente genial Neil Gaiman… na torcida.

Nemo – Coração de Gelo (Devir)

Apesar de não integrar o hall das grandes obras fundamentais, é bom recomendar esta Nemo aos leitores que podem apreciar, digamos assim, uma obra menor e despretensiosa sem o peso das grandes habilidades de Moore.

Aqui podemos acompanhar alguns desdobramentos da vida de Janni Dakkar, a filha do Capitão Nemo, capitão do submarino Nautilus, membro da Liga Extraordinária. A edição está disponível nas grandes livrarias e lojas especializadas, incluindo-se a loja virtual da editora Devir.

Promethea (Panini)

Em Promethea, Alan Moore, ao lado do excelente J.H. Williams III, convida os leitores a acompanhar a jornada de Sophie Bangs cujo destino se entrelaça com o da entidade Promethea, cuja existência permeia o imaginário humano de diversos modos.

Literatura, magia, misticismo, ocultismo, demônios e magos permeiam a obra o tempo todo e a arte de Williams dá conta do recado de representar todos os aspectos malucos, subjetivos e abstratos que Moore cria em seu roteiro. O volume 1 de Promethea está disponível tanto no site da Panini quanto nas mega-livrarias e lojas especializadas em quadrinhos.

O leitor garimpeiro também pode achar as histórias de Promethea nas edições lançadas pela Pixel Media alguns anos atrás em seus mix Pixel Magazine. Só que não acho que valha a pena correr atrás de tantas edições esparsas quando há a possibilidade de pegar já tudo junto.

Saga do Monstro do Pântano (Panini)

Talvez a grande virada na maneira como se faz quadrinhos mensais tenha se dado aqui, neste título quando Alan Moore elevou o personagem Monstro do Pântano a um patamar estupendo de texto e roteiro.

Disponível atualmente em uma coleção de seis volumes, A Saga do Monstro do Pântano finalmente foi relançada integral e uniformemente no Brasil após anos. A publicação da Panini Comics Brasil é uma edição simples, porém que combina perfeitamente com a arte da época da publicação original, utilizando-se um papel que funciona com a película utilizada no período.

Os aventureiros da garimpagem virtual pode procurar as edições em capa dura da Pixel Media e pagar uma boa bagatela pelos exemplares esgotados.

Superman – O Que Aconteceu ao Homem de Aço? (Panini)

Imagina como seria a última história do maior e mais emblemático personagem das histórias em quadrinhos? Conseguiu? Pois é, Alan Moore não só imaginou como escreveu essa obra de arte que faz jus ao legado do Superman.

Esta edição da Panini Comics Brasil reúne pela primeira vez em um único encadernado todas as histórias que Moore escreveu para o Superman. O excelente encadernado oferece aos leitores as histórias O Que Aconteceu Ao Homem de Aço?, A Linha da Selva e a soberba Para o Homem que Tem Tudo.

O volume é facilmente encontrado nas grandes livrarias através de seus sites, bem como através da editora e lojas especializadas.

Supreme vol1 a 4 (Devir)

Nada se esperava da cópia da cópia do Superman “criada” por Rob Liefeld, mas aí Alan Moore deu ao personagem seu toque de Midas e transformou o chumbo opaco em quatro eras: Ouro, Prata, Bronze e Moderna.

Ao se apossar do conceito da história por trás da evolução do gênero de super-heróis, Moore utilizou o personagem Supreme, até então insignificante em todo vastidão do termo, para narrar uma trajetória histórica inteira e homenagear não só o Superman em si, mas toda a indústria das HQs.

Não diria fundamental, mas sim algo a se ler com o mesmo carinho com que Moore escreveu essa ode. Os quatro volumes de Supreme foram lançados no Brasil pela Devir e podem ser encontrados em lojas especializadas e em sites de venda como Estante Virtual e Mercado Livre, já que alguns números estão esgotados há algum tempo.

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Tom Strong (Panini)

Criado por Alan Moore e Chris Sprouse, Tom Strong é um personagem com todo aquele clima e atmosfera de science fiction pulp das décadas de 1940, 1950 e 1960.

Cheio de aventuras estranhas e divertidas, Tom Strong é uma excelente pedida para quem, por exemplo, curte referências à cultura pop-nerd pré-quadrinhos de super-heróis e claro, uma ótima HQ de ação e aventura.

Atualmente o leitor pode encontrar as edições de Tom Strong sendo relançadas em encadernados capa cartonada pela Panini Comics, a publicação já se encontra em seu terceiro volume; também é possível encontrar as edições antigas lançadas aqui no Brasil pela Devir.

Top 10 (Devir)

Imagine uma cidade onde todos tem super-poderes? Imagine uma HQ que homenageia as Hqs desde a era dos heróis pulps até a era moderna? E que misture tudo isso aos seriados dramáticos policiais dos anos 1980 e 1990? Pois é, é isso que Moore faz neste título do selo American Best Comics (ABC).

É aquele típico material que flerta com os aspectos evolutivos das histórias em quadrinhos até o status atual, passando pelas nuances que deram origem os super-heróis. Se não integram as HQs ditas fundamentais de Moore, ao menos Top 10 é um belo delírio criativo do escritor em uma obra despretensiosa e coesa ao que se propõe.

A Devir lançou dois volumes de Top 10 aqui no Brasil, sendo o primeiro mais difícil de achar a preços amigáveis, já o segundo ainda é comum de se ver nas grandes lojas e lojas especializadas em quadrinhos.

V de Vingança (Panini)

Talvez uma das obras de Alan Moore mais conhecida do público em geral devido ao sucesso do rosto de Guy Fawkes estampado na máscara do personagem simplesmente chamado de V.

A versão cinematográfica que adapta a obra de Moore (que o escritor odeia, diga-se) popularizou não só a máscara, mas também os ideais anárquicos do personagem principal da obra cujo narrativa se passa numa Londres distópica que vive sob o jugo de um regime ditatorial.

V de Vingança é uma das obras de Moore que mais reflete seu perfil anti-sistema, anti-governos e expõe claramente seu discurso anarquista, não à toa a máscara do personagem acabou sendo utilizada em protestos, manifestações e se tornou o símbolo dos ciberativistas e hackers autodenominados de Anonymous. V de Vingança pode ser encontrado em edição em capa dura e edição capa cartonada, ambas pela Panini Comics Brasil.

Para os fãs da máscara, também é muito fácil achar a versão americana da obra que acompanha uma réplica da famosa “máscara do V de Vingança”.

Watchmen (Panini)

Se tratei muitas das obras aqui como fundamentais, essenciais ou indispensáveis, não foi por economia ou preciosismos, mas como fã de HQs e do gênero de Super-Heróis, quis guardar o termo “obrigatório” para Watchmen, graphic novel que, humildemente, considero a história em quadrinhos perfeita.

O tom de urgência apocalíptica somado ao teor crítico e ácido de Moore para com a situação política mundial do contexto da Guerra Fria pegou de assalto a fantasia dos heróis de trajes coloridos, suas frases de efeito foram destroçadas, seus idealismos fictícios esmagados e jogados de encontro ao plano a um plano de fundo político e a iminência de um conflito de proporções desastrosas entre as duas potências que polarizaram a economia e a política mundial na ocasião.

Com uma trama em múltiplos focos, personagens cheios de nuances e camadas de significado, Moore criou não só a narrativa perfeita das HQs, mas acima de tudo elevou a um patamar de excelência seu trabalho e o que se poderia fazer com super-heróis. E se o texto de Moore e seu roteiro atingiram o ápice, o que dizer então da belíssima arte de Dave Gibbons, cujos detalhes, enquadramentos, feições, expressões e cenários deram toda a tônica da estética apocalíptica que a obra pedia…

Watchmen está disponível em edição de luxo pela Panini Comics e vale cada centavo. Aos colecionadores de plantão, a busca apurada pode garantir as edições fasciculadas da HQ, tanta da Editora Abril quanto da Via Lettera.

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Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.

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