Nesse mês de dezembro, ocorreu a Comic-Con Experience – CCXP 2016, a Comic-Con brasileira, entre os dias 1 e 4, na cidade de São Paulo. É a terceira edição do evento, que veio crescendo a cada ano, no que tange ao público, ao espaço e à qualidade das exposições.
Nesse ano, tive a oportunidade de marcar presença pela segunda vez no evento, e, milagrosamente, durante os quatro dias (com muita ajuda divina, muita fome passada e muito financiamento paterno). E por ter passado tanto tempo na convenção, também pude aproveitar para analisar atentamente todos os detalhes do maior evento geek e da cultura pop do Brasil.
Por isso, pude fazer esse resumo da feira que vos segue agora:
1: É ENORME!
[dropcap size=small]A[/dropcap] principal novidade que a CCXP trouxe em 2016 foi o aumento do espaço da convenção.
Ano passado, o local que abriga a Comic-Con desde a primeira edição, chamado de São Paulo Expo, estava em obras de expansão. Por isso, menos da metade do espaço estava disponível para a feira, espaço este que era equivalente a aproximadamente 50 mil m², já suficiente pra fazer um estrago (e fez).
Pois bem, entre as edições do ano passado e deste ano, as obras do centro de convenções terminaram, expandindo o tamanho do espaço para 110 mil m² (mais do que o dobro do espaço disponível em 2015). A CCXP não poupou esforços e ocupou TUDO.
Sim, tinha muita CCXP! O espaço realmente é enorme, e a convenção conseguiu preencher todos os buracos disponíveis na São Paulo Expo.
Com todo esse tamanho de CCXP, tiveram algumas consequências…
2: MAIS ESTANDES!
Parece lógico que, se tem muito mais espaço pra ocupar, e se conseguiram ocupar tudo, a CCXP conseguiu contar com mais estandes na sua composição (bem mais do que em 2015).
E os estandes variavam demais: das grandes produtoras e distribuidoras de cinema e TV e das grandes editoras e estúdios de quadrinhos, até as lojas locais e artesanais de itens geek e da cultura pop.
Tamanha variedade garantiu que, todos os gostos relacionados ao que a CCXP propôs trazer, ficassem satisfeitos e agradados.
3: ESTANDES MELHORES!
Além de ter aumentado a quantidade e variedade de estandes na feira, o crescimento do espaço também proporcionou uma melhoria na qualidade dos estandes.
Os estandes trouxeram mais atividades, mais experiências (como o nome da convenção propõe), e mais propagandas das suas produções (obviamente).
O estande da HBO trouxe uma réplica real do Trono de Ferro, da aclamada série Game of Thrones, onde os fãs poderiam sentar no trono e tirar uma foto como o dono de Westeros.
No estande da Sony, os fãs poderiam tirar uma foto com os amigos no estilo da famosa “imagem que vai ficando laranja” do quarteto de Trainspotting, para promover a sequência do clássico, T2. Ou então, poderiam até tirar uma foto escalando as paredes de um edifício em Nova York, pra promover o novo filme do Homem-Aranha, o De Volta Ao Lar.
Pra quem visitava o estande da 20th Century Fox, podia fazer um mini-parkour ou até dar o Salto da Fé numa cama inflável, para promover o iminente Assassin’s Creed. Ou então, pros mais saudosos com o próximo filme solo do Wolverine, Logan, tinha um espaço pra mandarmos uma mensagem curta para o eterno Hugh Jackman, que vai dar vida ao mutante pela última vez em 2017.
No estande da Disney, podíamos nos exercitar um pouco, com aulas de dança com professores reais, e o melhor: ao som da trilha sonora mágica de Guardiões da Galáxia, pra promover o tão esperado Vol. 2 da surpreendente franquia da Marvel.
O estande da Netflix (o melhor da feira, na minha opinião, e desde o ano passado retendo esse título) ofereceu o maior conforto entre todos os estandes da CCXP. Tinham várias tomadas disponíveis para os visitantes (várias mesmo!), vários sofás e puffs para os navegantes descansarem (e, mesmo que os sofás não estivessem desocupados, até o chão era confortável de sentar).
Como já deu pra perceber, tudo é uma cadeia, e o aumento na qualidade dos estandes também trouxe uma consequência…
4: BRINDES MELHORES!
Os brindes que os estandes das produtoras e distribuidoras estavam entregando eram simplesmente INCRÍVEIS!
O estande da Warner Bros. Pictures & Television estavam entregando mochilas decoradas das suas variadas produções de cinema e da TV, como dos próximos filmes da Mulher-Maravilha, Liga da Justiça, LEGO Batman: O Filme e Kong: A Ilha da Caveira, e das séries do Arrowverse, compostas por Arrow, The Flash, Supergirl e Legends of Tomorrow. E ainda estavam fazendo tatuagens com as logos dos heróis do Universo Expandido da DC nos cinemas, que não eram reais, mas eram mais resistentes que as tatuagens de chiclete.
No estande da Fox, além das fotos temáticas das séries, tinha uma réplica da LUCILLE (isso mesmo!), a fiel escudeira do Negan em The Walking Dead, disponível para os fãs tirarem uma foto fazendo “Uni, Duni, Tê”. E, como se não fosse suficiente, tinham vários origamis de cisne, característicos do lendário Michael Scofield, protagonista de Prison Break, espalhados pelo estande, para os fãs pegarem e levarem pra casa, como forma de promover a nova temporada da série, marcada pra estrear em março de 2017.
Mas os melhores brindes estavam sendo dados no estande da Netflix (e eu não me surpreendo com isso), e não era nada difícil de conseguir por as mãos neles! Dava pra ganhar pôsteres das produções originais da empresa, adesivos, copos com frases inteligentes, baldes de pipoca, camisas das produções originais, e o melhor brinde de todos: uma almofada com porta-balde de pipoca e porta-copos! (Eu peguei seis dessas). E pra ganhar todos eles, era da forma mais Netflix possível: jogando jogos. Entre quis, cara-a-cara, jogos de mímica, karaokê e jogos de atuação relacionados às produções da empresa, era fácil esquecer que tinham brindes em jogo, de tão divertido que era.
5: OS CONVIDADOS!
A parte mais divertida de uma Comic-Con são os convidados que são trazidos pelos organizadores da feira e pelas grandes produtoras e distribuidoras.
Ano passado, já foi bom demais: só a Netflix trouxe três sensates de Sense8, Adam Sandler e Terry Crews para promover The Ridiculous Six, e Krysten Ritter e David Tennant (JESSICA!) para ajudar na expansão da Marvel em Jessica Jones.
Esse ano, eles conseguiram fazer melhor: a CCXP foi responsável por trazer David Wenham, que participou de O Senhor dos Anéis e vai estrelar como o vilão Harold Meachum na nova série da Marvel com a Netflix, Punho de Ferro. Natalie Dormer, a rainha Margaery Tyrell de Game of Thrones, também esteve entre nós. Como se não fosse suficiente, também trouxeram David Ramsey, o John Diggle da série Arrow. E para os fãs de Harry Potter, a atriz Evanna Lynch, que deu vida à sensacional Luna Lovegood, também esteve na feira.
E ainda tem mais: a Paramount trouxe Vin Diesel de volta ao Brasil, para promover o novo filme do ator, Triplo X: Reativado; o comediante e apresentador Danilo Gentili trouxe, pela Paris Filmes, o ator Carlos Villagrán, o eterno Quico da série Chaves, que estará no filme Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola; o Marvel Studios trouxe James Gunn, o diretor de Guardiões da Galáxia e da sua sequência inédita, o Vol. 2, para mostrar materiais especiais e o primeiro trailer do filme inédito, que será lançado em maio de 2017; e para fechar, a Netflix, além de trazer mais três sensates de Sense8, fez o impossível e trouxe NEIL (WAIT FOR IT) PATRICK HARRIS, aquele que é Barney Stinson da aclamada série How I Met Your Mother, e que interpretará o clássico personagem Conde Olaf na nova adaptação (agora da Netflix) dos livros de Desventuras em Série.
6: ANDA MUITO…
Nem tudo são flores no crescimento estrondoso de espaço da CCXP.
Imaginem só: 110 mil m², vários estandes diferentes, espalhados pelo espaço, e a gente quer ver tudo (e aproveitar tudo). Vai ter que andar pra caramba.
E anda demais, mesmo. Principalmente porque as melhores coisas foram propositalmente espalhadas e distanciadas dentro do espaço, te forçando a percorrer tudo até chegar de um ponto cool até outro.
É pura estratégia, pra gente poder passar por todas as lojas e por todos os expositores da feira.
Só que, só de dar uma volta pela convenção, as pernas já começam a desistir da vida, e aí, ficar parado em pé começa a doer.
E falando em ficar parado…
7: MUITAS FILAS…
Tinha fila pra tudo. TUDO. TUDO.
Pra quem ia de metrô (a maioria dos visitantes), na chegada ao Terminal Jabaquara, que ficava a pouco mais de 1km da convenção, tinha um transporte gratuito para a São Paulo Expo. E, obviamente, tinha fila. Mas, cara, tinham vezes que essa fila dava voltas no quarteirão de onde o transporte saía. Enquanto isso, o sol castigava.
Depois dessa fila, tinha mais uma fila na chegada à São Paulo Expo, onde eles dividiam o público em vários bolsões, e lá deixavam eles aguardando mais uns bons minutos, até finalmente liberarem a entrada.
Em alguns dos quatro dias, gastei, em média, uma hora entre essas filas. Uma hora que poderia ter sido aproveitada na feira, mas que foi gasta fazendo nada em uma fila.
E não acaba aí: lá dentro, tinham filas em todos os lugares. Pra quem queria dar o Salto da Fé, do Assassin’s Creed, ou pra quem queria sentar no Trono de Ferro, de Game of Thrones, tinham filas enormes a serem enfrentadas.
Algumas experiências, como receber um barbear grátis de um barbeiro profissional no estande da Gillette, ou tirar uma foto em 360º no estande da Globo, também contavam com filas, distanciando a oportunidade.
Algumas lojas também tinham filas, como as lojas oficiais da DC e dos produtos Marvel e Star Wars, e que custavam um pouco a espera. A loja oficial do Harry Potter, que veio pela primeira vez ao Brasil, teve a maior fila de todas as lojas na convenção: era quilométrica, e tinha gente que estava lá esperando há horas, pra poder tentar ter uma chance de comprar os seus produtos preferidos do mundo bruxo.
Claro, havia uma exceção à regra: o estande da Netflix (obviamente) quase não tinha filas para aproveitar as experiências e os jogos da empresa, e quando tinham, eram dinâmicas e rápidas, impedindo que a gente perdesse tempo demais esperando.
8: COMER ERA CARO…
Quando anunciaram que, dentro das opções de alimentação, entre milhares de food trucks e restaurantes locais, teríamos Spoleto, Domino’s e Bob’s, até pensei: “vai dar pra comer mais barato e bem.”. Quem dera.
Até esses que eu citei, aumentaram seus valores pra servir na feira. Aumentaram, em média, uns 10 reais, e com uma variedade limitada. Spoleto levou menos massas e ingredientes variados; Domino’s levou menos sabores variados de pizza; Bob’s levou menos sanduíches variados. E, ainda assim, estavam mais caros do que o normal.
Até valia mais a pena gastar em um food truck, que tinha mais variedade que as redes de comida nacionais, e cobrava o mesmo preço.
Durante as caçadas nos quatro dias, acabei comendo em uma lanchonete paulista de hot-dogs prensados, a Black Dog, que não cobrou caro pra servir um hot-dog enorme, com batatas fritas e refrigerante. Em uma outra oportunidade, rachei com meu irmão um balde misto de batatas fritas e coxinhas de frango da Hot n’ Tender, que eu achei que não ia nos encher, mas encheu e muito. Mas foi só.
De resto, era tudo bem caro, e não parecia satisfazer os visitantes pra aguentar as infinitas andanças na feira.
9: OS PAINÉIS…
A feira abria os portões às 10h. Os painéis, que são as “palestras“ nas quais os representantes das grandes produtoras e distribuidoras falam sobre as novidades, os lançamentos, e trazem os atores famosos, aconteciam durante todo o dia no Auditório Cinemark, mas os mais legais começavam por volta das 16h, em média.
Ainda assim, tinha gente que já estava do lado de fora da São Paulo Expo, esperando os portões abrirem, pra correr pro Auditório Cinemark, desde as 4h. Sério. Desde a madrugada. Esperando.
Só assim, dava pra assistir os painéis. Se não fosse desse jeito, só restava a alternativa de esperar na fila do Auditório, na esperança de conseguir entrar, mas já sabendo que seria pouco provável.
Até porque a organização não tinha o controle de quantas pessoas tinham dentro do espaço, se o limite tinha sido atingido, se tinham vagas, ou coisas do tipo.
Para assistir o painel do Marvel Studios, passei 5 horas na fila, e ainda assim, nem cheguei perto de entrar.
10: O PARECER
[dropcap size=small]N[/dropcap]ão se pode negar que a CCXP é um evento de uma magnitude impressionante. Muitos já consideram a convenção brasileira uma das maiores do mundo, no seu estilo.
E não se pode negar que ela agrada a todos de uma forma impressionante. Os fãs milenares que aguardaram anos pra isso acontecer, ficam extasiados todo ano quando a Comic-Con Experience começa. Incluindo eu.
É fato, que um evento desse tamanho, no nosso país, vai enfrentar alguns problemas de logística e organização. Principalmente por estar apenas no seu terceiro ano de existência, com um crescimento exponencial muito veloz na sua juventude.
Parece natural que todos os problemas listados se façam presentes nessa fase inicial de CCXP.
Todavia, isso não quer dizer que eles devam ser ignorados. A cada ano, a qualidade dos serviços e da organização devem tentar ao máximo acompanhar a evolução de tamanho e popularidade da convenção. Todos os pontos devem crescer juntos e serem trabalhados juntos.
Ainda assim, mesmo que tenham todos esses problemas, e mesmo que eles realmente devam ser trabalhados, isso não pode e nem vai comprometer uma coisa: a CCXP é realmente uma experiência épica.
Estar no meio de um mundo que foi muito tempo ignorado e incompreendido no Brasil, e ver esse mundo crescendo, se tornando popular, atraindo todos, criando um universo inquebrável de quatro dias que faz os olhos brilharem a cada passo dado no meio da feira, é simplesmente mágico.
Pra mim, que sou um fã de cinema natural, e me tornei fã e parte desse universo geek e da cultura pop, estar na CCXP é uma sensação indescritível. No ano passado, passei apenas um dia na convenção e me senti como nunca antes. Esse ano, passando os quatro dias, era como se eu estivesse em outro mundo.
Ver os cosplays, que são perfeitos, e tirar foto com eles, ajuda a construir e sustentar esse universo paralelo de fãs incondicionais.
E pra quem gosta de tudo isso, é uma aventura que não deve ser dispensada. Deve ser vivida e experimentada uma vez, no mínimo.
Pra quem tiver a oportunidade, não desperdice: a CCXP é sensacional. Tem problemas, como todo grande evento (principalmente em terras brasileiras). Mas não devem ser maiores que a sensação mágica de viver esse mundo épico.
Sobre o Autor
Um ajudante de super-herói perdido em Tatooine, com várias pedras de metanfetamina.