LA LA LAND: CANTANDO ESTAÇÕES (La La Land. 2016. Direção e roteiro: Damien Chazelle. Elenco: Emma Stone, Ryan Gosling, John Legend, Rosemarie DeWitt, Finn Wittrock, J.K. Simmons.)
[dropcap size=small]T[/dropcap]odo ano, um filme acaba chamando mais atenção do que qualquer outro na corrida para o Oscar. Independentemente de ser o favorito a ganhar os principais prêmios da noite, sempre tem aquele filme que todo mundo quer ver. O desse ano, coincidentemente, também é o favorito.
Quando eu ouvi falar de La La Land pela primeira vez, achei que seria só mais um musical bacana de se ver. E aí começou todo aquele hype: o filme ficou rapidamente aclamado, foi indicado a sete Globos de Ouro, e incrivelmente, levou todos. Nunca um filme ganhou sete Globos de Ouro na mesma noite: é o maior vencedor da história.
Com tudo isso, eu tive que tirar um dia pra assistir. Aproveitei a pré-estreia brasileira, separei dinheiro que não tinha, mas eu fui.
Desde a primeira cena, o musical já te prende no ritmo dançante, com uma sequência fantástica em uma das vias de Los Angeles, mostrando a grandeza e a complexidade da produção.
Logo em seguida, já começamos a ver o desenvolvimento do motor da história: Mia Dolan e Sebastian Wilder.
A primeira, personagem interpretada pela cada vez mais surpreendente Emma Stone, é uma aspirante a atriz, que trabalha numa cafeteria de um estúdio de cinema, e vive fazendo testes pra conseguir sua tão esperada chance.
O segundo, trazido à vida pelo já veterano Ryan Gosling, é um pianista que sonha em abrir um clube de jazz, sua paixão musical, para preservar o ritmo.
O filme trabalha nas dificuldades, nos dilemas, e nos caminhos que devem ser enfrentados pelas pessoas que almejam algo, que têm sonhos a serem alcançados. No caso de La La Land, especificamente, é o sonho dos dois protagonistas, Dolan e Wilder, de ganhar a vida no meio artístico, no cinema e na música, na cidade onde tudo isso se torna realidade, Los Angeles (a qual tem como apelido a expressão que nomeia o filme).
E no meio de tudo isso, tem música, dança, mais precisamente, espetáculos. Pra Damien Chazelle, o diretor e roteirista do filme, não é difícil mexer com música. Ele também dirigiu e escreveu o roteiro do merecidamente exaltado drama sobre música Whiplash: Em Busca da Perfeição, que garantiu três Oscars em 2015, incluindo o de melhor ator coadjuvante para J.K. Simmons, que faz uma singela participação em La La Land (no seu melhor estilo de Terence Fletcher).
O diretor e roteirista estadunidense de 31 anos mostra, mais uma vez, em La La Land: Cantando Estações por que ele é um dos cineastas mais aclamados e promissores da nossa era, concebendo um roteiro (ainda em 2010), que se mostra fenomenal em seu desenvolvimento, e dando cores perfeitas a ele na hora de torná-lo realidade. Não é à toa que, na noite do Globo de Ouro 2017, ele subiu duas vezes ao palco: foi o vencedor dos prêmios de melhor direção e melhor roteiro.
E botem cores nisso: a direção de arte, a equipe de figurino, o diretor de fotografia, todos fizeram questão de deixar o filme bem colorido e vivo, sempre em tons vibrantes e em luzes espetaculares, fortalecendo ainda mais toda a homenagem aos musicais clássicos que Chazelle planejou.
Mandy Moore é o nome da coreógrafa do musical, ou seja, a responsável pelas incríveis sequências de dança vistas em La La Land, desde o espetáculo inicial do filme no movimentado complexo viário Judge Harry Predgerson, até a singela dança entre os protagonistas no Observatório Griffith, todos pontos de Los Angeles.
E falando neles, o casal de protagonistas é simplesmente perfeito para a história, e um com o outro. Emma Stone e Ryan Gosling, que já formaram pares românticos em duas outras oportunidades no cinema (Amor a Toda Prova e Caça aos Gângsteres), parecem finalmente alcançar o ápice da sua química em cena, protagonizando cenas que, certamente, se tornarão clássicas.
E, individualmente, os dois se desenvolvem, talvez, seus melhores papéis das respectivas carreiras. Especialmente por mostrarem habilidades extremas na hora de cantar, dançar (mais para Stone), e tocar piano (para Gosling). E não sou o único a achar isso: de tão surpreendentes e excelentes, eles ganharam o primeiro Globo de Ouro de suas carreiras, pelas suas atuações em La La Land.
Mas, o maior trunfo de Damien Chazelle na produção do musical está no próprio gênero: a música. O verdadeiro espetáculo do filme saiu da mente e dos dedos de Justin Hurwitz, o compositor musical de La La Land. A trilha sonora do filme é simplesmente encantadora e envolvente, e ajuda a empolgar ainda mais os espectadores ao longo do filme. Dentre elas, destaca-se a pureza e a beleza de City of Stars, a melhor composição de Hurwitz para o filme, e que é uma das melhores músicas já compostas. Com a ajuda dela, o compositor ganhou dois Globos de Ouro por La La Land: melhor trilha sonora e melhor canção original.
Tudo isso junto tornou La La Land, sem dúvida alguma, um dos melhores filmes já feitos no gênero. Além de ser uma representação dos sonhos e de tudo o que temos que passar para alcançá-los, é uma grande homenagem. Damien Chazelle e seu time homenageiam a cidade de Los Angeles, os clássicos filmes musicais, a própria música, a dança, o romance, as cores, a arte, o cinema, e tudo o que der pra homenagear. La La Land tem todos os motivos pra ser um dos favoritos, ou talvez, O Favorito.
Após a jornada que foi, e com tudo o que foi dito, eu confirmo: é a produção do ano.
P.S.: Quando acabou a sessão, eu queria sair dançando e cantando da sala de cinema. Pra quem sente o filme de verdade, é impossível não querer ser Emma Stone ou Ryan Gosling.
La La Land | Cantando Estações foi indicado a 14 Oscars em 2017:
- Melhor Filme;
- Melhor Diretor, para Damien Chazelle;
- Melhor Ator, para Ryan Gosling;
- Melhor Atriz, para Emma Stone;
- Melhor Roteiro Original, para Damien Chazelle;
- Melhor Trilha Sonora, para Justin Hurwitz;
- Melhor Canção Original, para “Audition (The Fools Who Dream)” e “City of Stars”, ambas compostas por Justin Hurwitz, Benj Pasek e Justin Paul;
- Melhor Edição de Som, para Ai-Ling Lee e Mildred Iatrou Morgan;
- Melhor Mixagem de Som, para Andy Nelson, Ai-Ling Lee e Steve A. Morrow;
- Melhor Design de Produção, para Sandy Reynolds-Wasco e David Wasco;
- Melhor Fotografia, para Linus Sandgren;
- Melhor Figurino, para Mary Zophres;
- Melhor Edição, para Tom Cross.
A cerimônia de entrega dos Oscars em 2017 ocorrerá na noite de domingo, 26 de fevereiro.
Trailer | La La Land
https://www.youtube.com/watch?v=sirJQk0NmDc
Sobre o Autor
Um ajudante de super-herói perdido em Tatooine, com várias pedras de metanfetamina.