MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR (Moonlight. 2016. Direção e roteiro: Barry Jenkins. Elenco: Trevante Rhodes, André Holland, Janelle Monáe, Ashton Sanders, Naomie Harris, Mahershala Ali.)

[dropcap size=small]A[/dropcap]lguns filmes são simplesmente bons por si só. Obras-primas, com histórias belas, emocionantes, com mensagens profundas a passar. Filmes espetaculares, que ensinam a como se fazer um filme.

Esse é Moonlight: Sob a Luz do Luar. Baseado na peça In Moonlight Black Boys Look Blue, de Tarell Alvin McCraney, a bela produção narra a história de Chiron, um garoto negro e gay, crescendo em Miami, e enfrentando todas as dificuldades que a vida lhe apresenta, incluindo todo o preconceito que sofre por sua orientação sexual.

A premissa não é das mais originais, afinal, essa temática, nos dias atuais, é uma das mais comuns. Todavia, não podemos confundir a premissa com a força do tema, e com a forma que ele é trazido às telas de cinema.

Quem resolveu adaptar essa peça para os cinemas foi o cineasta Barry Jenkins, que aqui atua como diretor e roteirista. Jenkins, que é negro, sabe lidar com a delicadeza do tema na hora de escrever a adaptação, e concebe um roteiro fantástico, com diálogos geniais e impactantes sobre o preconceito, as experiências, e sobre a vida em geral.

E na direção, Jenkins é igualmente fantástico. Com um estilo de filmagem peculiar, ele cria cenas que nos passam a exata emoção do momento e do que os personagens estão sentindo.

E falando em personagens, o elenco é simplesmente genial. Todos os atores entregam um espetáculo em cena, vivendo a vida na periferia de Miami. O entrosamento e a química foram tão bons, que eles foram indicados a melhor elenco no Screen Actors Guild Awards e no Critics’ Choice Awards, e ganhou o último.

O protagonista, nas três fases da sua vida (infância, adolescência e maior idade), é muito bem interpretado pelos três atores Alex Hibbert, Ashton Sanders e Trevante Rhodes. Os três, revelações aqui em Moonlight, nos guiam perfeitamente pela história, enquanto mostram a luta do personagem contra o próprio desejo, e para aceitar a sua sexualidade.

Paula, a mãe de Chiron, é peça-chave na história de vida do protagonista. Interpretada por Naomie Harris, ela é mãe solteira, e sofre de problemas com vícios em drogas, trazendo problemas para a vida do filho de vez em quando. A atuação de Harris se torna preciosa, à medida em que ela desenvolve a personagem ao longo do tempo, mostrando o aumento da dependência química, e os danos que ela sofre com esse aumento, enquanto ela tem de lidar com Chiron acompanhando essa espécie de degradação.

No filme, a cantora Janelle Monàe estreia como atriz, interpretando Teresa, uma mulher gentil que serve como conselheira e abrigo para Chiron, desde a infância, sempre que ele enfrenta algum problema no dia-a-dia. Monàe consegue surpreender no papel, servindo como suporte do protagonista para aguentar a juventude.

Kevin, interpretado nas três fases da vida por Jaden Piner, Jharrel Jerome e André Holland, adiciona ao forte time de personagens e ao elenco de Moonlight, servindo como o amigo mais próximo de Chiron. O personagem está com o protagonista em vários momentos importantes da vida dele, sejam eles bons ou ruins.

E para fechar o fenomenal elenco da produção, está presente no time o talentoso Mahershala Ali, que é conhecido por interpretar Remy Denton em House of Cards e Cornell Stokes/Boca de Algodão em Luke Cage.

Aqui, Ali interpreta Juan, um homem que está ligado a Chiron e sua mãe de formas diversas, e age como um motor, tanto para a coragem do protagonista, quanto para a história em si. Juan ensina a Chiron histórias de vida, lhe explica mais sobre ela, e motiva o garoto a ser quem ele é, o que o torna extremamente vital para a continuidade do roteiro de Moonlight.

O filme, que é emocionante e potente, é uma aula de como se fazer um filme. Barry Jenkins nos presenteia com um conto fantástico, que nos passa uma mensagem incrível sobre a vida, sobre quem realmente somos, sobre o que iremos enfrentar no dia-a-dia, e sobre a força que temos que ter para aceitar a pessoalidade de cada um e sermos felizes.

Merecidamente, Moonlight ganhou o Globo de Ouro de melhor filme dramático. Parece que a aula de Barry Jenkins funcionou.

Moonlight: Sob a Luz do Luar foi indicado a 8 Oscars em 2017:

• Melhor Filme;
• Melhor Diretor, para Barry Jenkins;
• Melhor Ator Coadjuvante, para Mahershala Ali;
• Melhor Atriz Coadjuvante, para Naomie Harris;
• Melhor Roteiro Adaptado, para Barry Jenkins, baseado na peça “In Moonlight Black Boys Look Blue”, de Tarell Alvin McCraney;
• Melhor Trilha Sonora, para Nicholas Britell;
• Melhor Fotografia, para James Laxton;
• Melhor Edição, para Joi McMillon e Nat Sanders.

A cerimônia de entrega dos Oscars em 2017 ocorrerá na noite de domingo, 26 de fevereiro.

Trailer | Moonlight: Sob a Luz do Luar

https://www.youtube.com/watch?v=vtyiXLCq1JY