Jardins da Lua, O Livro Malazano dos Caídos 1, de Steven Erikson.

E finalmente chega ao Brasil a série que eu mais desejava ler. Soube da obra em 2014 e desde então torço pelo seu lançamento aqui no país. Antes adquirida pela Saída de Emergência Brasil, que cessou suas atividades aqui, ficando só em Portugal, a obra foi remetida à Editora Arqueiro.

E, após um período, enfim a editora nos traz o primeiro volume, já com a promessa do segundo volume para novembro e a possibilidade de completar a obra no Brasil com boas vendas. Vamos conhecer mais da obra?

Jardins da Lua | Que confusão é essa?

Jardins da Lua O Livro Malazano dos CaídosSim, esse livro foi escrito de uma maneira que pode causar a confusão logo de cara. Erikson admite isso no prefácio, mas, pessoalmente, me causou pouca confusão, pois já havia visto muito a respeito desse detalhe e fui preparado para a leitura.

De início, no prólogo, vemos um jovem Ganoes Paran assistindo a uma rebelião em sua cidade. A rebelião nada mais era do que o golpe de estado que Laseen, antes conhecida como Surly, havia dado no Império Malazano, culminando no assassinato do imperador Kellanved e de seu conselheiro Dançarino. Essa revolta está totalmente detalhada nos livros escritos por Ian C. Esslemont, cujo primeiro volume, Noite das Facas, já foi lançado no Brasil pela editora Cavaleiro Negro e resenhado aqui no site (Veja nossa resenha AQUI).

No Livro 1 de Jardins da Lua encontramos o mesmo Paran averiguando um massacre orquestrado pelos Cães das Sombras, agentes do Deus Ammanas, o Trono Sombrio, que aproveitou a ocasião para recrutar uma jovem pescadora para trabalhar para si.

Em meio ao massacre, Lorn, conselheira de Laseen, convoca Paran para comandar um ataque à ultima cidade livre do Império Malazano, Darujhistan.

Também acompanhamos a tomada de Pale, a penúltima cidade livre do Império Malazano. Além desse evento, os malazanos enfrentam a Cria da Lua, fortaleza dos tiste andii comandada por um ser misterioso chamado Anomander Rake. Rake é um Ascendente, praticamente um Deus, que possui uma espada chamada Dragnipur que é capaz de enviar as almas de mortais e Deuses para uma terrível prisão.

Jardins da Lua O Livro Malazano dos Caídos
Steven Erikson

A Cria da Lua é uma fortaleza voadora que só pôde ser combatida pelos mais poderosos feiticeiros do império, que mesmo assim falharam miseravelmente. Em meio a esses feiticeiros, encontramos Tattersail, personagem muito carismática e inteligente.

Ela possui uma mistura de rixa e aliança com Hairlock, um feiticeiro atingido gravemente na luta com a Cria da Lua. Para não morrer, Hairlock tem sua alma transferida para um boneco de madeira. Isso é só um exemplo de como a magia desse mundo pode ser estranha e inusitada. Tattersail também joga o Baralho do Dragão, uma espécie de tarô que mostra o futuro com figuras dos Deuses, figuras essas que costumam mudar segundo o destino que apresentam.

Conhecemos também os Queimadores de Pontes, comandados pelo veterano Whiskeyjack. Uma poderosa força militar antes do golpe de Laseen, eles foram relegados ao esquecimento e, preferencialmente, a morte certa, com tarefas por vezes mortais.

O único aliado que possuem no império é o Alto Punho, Dujek Umbraço. Em suas fileiras, uma jovem se destaca com desconfiança de todos, pois ela parece ser possuída, sendo uma assassina impiedosa e cruel. Em uma de suas passagens, os inimigos pediam para morrer devido à tamanha crueldade que ela usava em suas torturas.

“ — Cento e setenta e cinco homens e mulheres. Duzentos e dez cavalos. O Décimo Nono Regimento da Oitava Cavalaria de Itko Kan. — A garganta do capitão se fechou por um instante. Ele olhou para Lorn. — Mortos.”

Com Pale conquistada, e a Cria da Lua se distanciando, as forças malazanas marcham para Darujhistan, onde encontrarão o maior desafio de suas vidas. Uma forte oposição se forma, comandada pelo alquimista Baruk, que por sua vez é contatado pelo próprio Anomander Rake.

Essa cidade possui inúmeros mistérios e é onde a trama realmente flui, pois é nela que fica claro o envolvimento direto dos Deuses em um jogo estranho. A cidade possui ainda uma Sociedade dos Assassinos, que serão importantes na trama. Fique atento também ao personagem Kruppe. Apesar de ser um pouco excêntrico, ele possui a capacidade de ter sonhos lúcidos, e, através desses sonhos muitas coisas acontecem.

Jardins da Lua | Magia inusitada, porém criativa

A magia dessa série é fascinante. Além do já citado Hairlock que habita um corpo feito de madeira, temos os Labirintos. Feiticeiros usam o poder que conseguem canalizar desses labirintos para fazerem suas magias, mas eles possuem muito mais poder e mistérios. Através deles, é possível viajar centenas de milhas em questão de horas, além de possibilitar moradia a criaturas estranhas e até aos próprios Deuses.

Nesse primeiro livro muito pouco é explicado sobre eles, mas mesmo assim são alvo da minha fascinação.

Outro ponto forte na magia é a Cria da Lua e seu governante, Anomander Rake. Uma fortaleza voadora, ela abriga os tiste andii, seres da mesma raça de Rake, mas é Rake quem rouba nossa atenção. Ascendente, possui um poder imenso e sua espada é digna de fascínio, com a incrível capacidade de enviar as almas de qualquer ser, seja mortal ou imortal, a uma prisão em uma carroça. Sério, isso é muito fascinante.

Jardins da Lua | Impressões

Eu poderia criticar, e muito, o estilo que o livro foi escrito. Personagens são jogados na história a todo momento sem serem apresentados, vários acontecimentos se sucedem de maneira frenética, explicações sobre o passado são praticamente ausentes, enigmas permeiam a leitura e muito mais. O autor taca personagem novo na cara do leitor com regularidade, chegando a ficar difícil se lembrar de todos, mas nessas horas o glossário nos salva e tudo fica bem.

Enfim, o livro é confuso, porém a maneira como foi escrito e a construção do mundo são tão boas que tornam essa confusão toda coesa e se transformam numa leitura extremamente agradável, fazendo o leitor fechar o livro já querendo o próximo para poder entender cada vez mais sobre o que é a história.

Mapa com escala correta

Sim, ele narra uma conquista militar, mas são tantos os mistérios que as mais de 600 páginas desse volume não são capazes nem de começar a explicar. O que poderia ser uma fraqueza se torna o principal atrativo.

Os personagens também me atraíram, e são muito bem construídos. Com a história avançando, ficamos sabendo um pouquinho de cada um.

Anomander Rake é extremamente fascinante, mas pouco sabemos dele nesse primeiro volume. Além disso, a magia, tão misteriosa, nos faz querer ver mais. Aqui cito, como exemplo, os Labirintos. Que mistérios estão escondidos? O que eles são? Enfim, o que quero dizer com tudo isso é que Erikson e Esslemont criaram um mundo surpreendente, misterioso e viciante.

Termino essa leitura ansioso pelo segundo, que será lançado em novembro. As perguntas permeiam minha mente e a ânsia pelas respostas é grande. Épico.

Agora, o livro físico merece nota. A linda capa, ilustrada por Michael Komarck, retrata Anomander Rake com sua espada, Dragnipur. Na parte de dentro da capa, temos ilustrações dos personagens, não todos, claro, mas dos mais importantes, seguindo o que foi feito pela Saída de Emergência de Portugal.

O mapa possui um erro. Mais especificamente o de Genabackis, que em sua escala apresenta quilômetros, mas o correto seria léguas. Dá para ter a noção da distância do mesmo jeito. O livro também conta com uma lista de personagens e um glossário, que nos salvam em meio à confusão de lembrar quem é quem.

Contando com uma tradução de primeira – eu tentei ler o livro em inglês e não entendi lhufas – feita pela incrivelmente habilidosa Carol Chiovatto e contando com uma perfeita revisão, não encontrei erro nenhum no corpo do texto.

Parabéns a toda a equipe editorial por esse incrível trabalho, agradeço à editora por ter cedido uma cópia e quero deixar registrado aqui, caro leitor, minha indicação fervorosa para essa que, na minha opinião, vai em breve ocupar o espaço de fantasia mais épica lançada aqui no Brasil.

Essa resenha é dedicada ao meu tio do Magic. Eu anulo!

Jardins da Lua | Links

Jardins da Lua | Sinopse:

Desde pequeno, Ganoes Paran decidiu trocar os privilégios da nobreza malazana por uma vida a serviço do exército imperial. O que o jovem capitão não sabia, porém, era que seu destino acabaria entrelaçado aos desígnios dos deuses, e que ele seria praticamente arremessado ao centro de um dos maiores conflitos que o Império Malazano já tinha visto.

Paran é enviado a Darujhistan, a última entre as Cidades Livres de ­Genabackis, onde deve assumir o comando dos Queimadores de Pontes, um lendário esquadrão de elite. O local ainda resiste à ocupação malazana e é a joia cobiçada pela imperatriz Laseen, que não está disposta a estancar o derramamento de sangue enquanto não conquistá-lo.

Porém, em pouco tempo fica claro que essa não será uma campanha militar comum: na Cidade do Fogo Azul não está em jogo apenas o futuro do Império Malazano, mas estão envolvidos também deuses ancestrais, criaturas das sombras e uma magia de poder inimaginável.

Em Jardins da lua, Steven Erikson nos apresenta um universo com­plexo de cenários estonteantes e ações vertiginosas que mostram por que esta é considerada uma das maiores sagas épicas.

Jardins da Lua | Sobre o autor

Steven Erikson é arqueólogo, antropólogo e diplomado na Oficina de Escritores de Iowa, nos Estados Unidos. Jardins da lua foi finalista do World Fantasy Award e a série O Livro Malazano dos Caídos já vendeu 2 milhões de exemplares no mundo inteiro, tendo sido traduzida para 23 idiomas. Steven Erikson vive hoje no Canadá, sua terra natal.

Ficha Técnica:

  • Título original: Gardens of the Moon
  • Tradução: Carol Chiovatto
  • Formato: 16 x 23 cm
  • Número de Páginas: 608
  • Acabamento: brochura
  • ISBN: 9788580416824

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Jardins da Lua, O Livro Malazano dos Caídos
  • 100%
    PREMISSA - 100%
  • 90%
    DESENVOLVIMENTO - 90%
  • 100%
    PERSONAGENS - 100%
  • 100%
    CONTEXTUALIZAÇÃO - 100%
  • 90%
    PROCESSO NARRATIVO/ NARRATIVIDADE - 90%
  • 100%
    CONCLUSÃO/ DESFECHO - 100%
97%

Resumo

Desde pequeno, Ganoes Paran decidiu trocar os privilégios da nobreza malazana por uma vida a serviço do exército imperial. O que o jovem capitão não sabia, porém, era que seu destino acabaria entrelaçado aos desígnios dos deuses, e que ele seria praticamente arremessado ao centro de um dos maiores conflitos que o Império Malazano já tinha visto.

Paran é enviado a Darujhistan, a última entre as Cidades Livres de ­Genabackis, onde deve assumir o comando dos Queimadores de Pontes, um lendário esquadrão de elite. O local ainda resiste à ocupação malazana e é a joia cobiçada pela imperatriz Laseen, que não está disposta a estancar o derramamento de sangue enquanto não conquistá-lo.

Porém, em pouco tempo fica claro que essa não será uma campanha militar comum: na Cidade do Fogo Azul não está em jogo apenas o futuro do Império Malazano, mas estão envolvidos também deuses ancestrais, criaturas das sombras e uma magia de poder inimaginável.

Em Jardins da lua, Steven Erikson nos apresenta um universo com­plexo de cenários estonteantes e ações vertiginosas que mostram por que esta é considerada uma das maiores sagas épicas.

Sobre o Autor

Um leitor assíduo da fantasia e do terror, vem descobrindo aos poucos as maravilhas da Ficção Científica e dos Romances Históricos. Crítico e perfeccionista, procura falhas até nos livros mais perfeitos. Nas horas vagas escuta Heavy Metal e lê ainda mais.

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