Allan Francis Salgado é o autor do livro Corações nas Sombras: Presságios de Guerra (veja nossa resenha AQUI) lançado pela Chiado Editora. A obra é uma Alta Fantasia que se passa no mundo de Ífianor que é dividido nos dois imensos continentes de Primas e Pallas.
Nesses dois enormes continentes se espalham diversos reinos e raças cujas relações políticas, culturais e sociais se dão em vários graus de complexidade e níveis de influência.
A magia está presente no cotidiano destes reinos, mas apenas alguns poucos são capazes de manipular essa força com habilidade.
Uma aparente paz toma conta de toda Ífianor depois de muitos anos da tragédia que quase extinguiu a raça dos centauros quando estes tentaram romper o véu que separa Ífianor de Agonia, um mundo sombrio e corrompido.
Mas essa paz está comprometida quando Tanor, um poderoso mago inicia sua jornada para obter os talismãs de poder e romper definitivamente o selo que separa os dois mundos, erguido pelo poderoso elfo Círdan anos antes…
O autor tirou um tempo e bateu um papo bacana com a gente que você pode conferir abaixo. Boa leitura.
1 | Ponto Zero – Olá Allan, tudo bem? Seja bem-vindo ao PZ, é uma grande satisfação realizar essa entrevista. Allan, para começarmos fale um pouco da sua visão atual do mercado brasileiro do ponto de vista do autor que já tem material publicado. Quais os desafios, as principais dificuldades e caminhos que você seguiu até a publicação de sua primeira obra por uma editora?
Allan Francis – Olá Orlando, primeiramente queria parabenizar o grande trabalho que tem feito, dar um alô para os leitores, pois sem eles nosso trabalho não se ergue e agradecer a oportunidade de estar aqui hoje podendo falar um pouco do meu trabalho.
Vamos lá, no que toca ao mercado brasileiro, vejo que as coisas mudaram muito de dez anos para cá, tem muitos escritores bons surgindo, muito material interessante, hoje com certeza você pode pegar o mercado gringo e comparar com o nosso teremos coisas boas e ruins dos dois lados.
De outro lado, há uma mercado consumidor ainda muito apegado a ideia de que o que vem de fora é melhor e como estamos em época de crise, pessoa prefere gastar no que ele pensa ser seguro do que numa aposta, isso é normal do ser humano, mas aos poucos os escritores brasileiros estão sabendo lidar com isso.
O principal desafio que vejo é a divulgação do material, que se restringe em alguns núcleos, redes sociais, youtube, blogs literários especializados e por fim o boca a boca e para crescer tem que ter vontade, tem que se reinventar, tem que acreditar no seu material e não pode desanimar, esqueci de dizer que tem que gastar.
Quanto a publicação do meu livro, não tive muita dificuldade em publicar, já sabia como funcionava o mercado, pesquisei muito, enviei meu livro para várias editoras, recebi o sim de quatro delas, e depois do contrato fechado com uma, ainda recebi mais duas propostas, mas sei que muitos escritores tem dificuldade com isso e acabam desanimando nas primeiras negativas.
2 | PZ – Aproveitando que o tema diz respeito a editoras/editores, como é seu contato com demais profissionais do ramo? Revisores, capistas/ilustradores, diagramadores, gráfica (aprovação das provas de teste) e outros autores?
Allan Francis – Conheci muita gente legal nessa área, muita mesmo, pessoas animadas e com disposição a trabalhar, o que sempre me contagia, porque acredito no esforço e no trabalho, quanto ao meu livro os ilustradores me deram algumas opções de capa, escolhi a atual por ser algo forte e que retratava o livro, o restante não tem muita saída esta no contrato ou você pega e assina ou cai fora, esta é a realidade, pode rir.
3 | PZ – Está é uma pergunta simples, mas que gosto de fazer para a maioria dos autores: Como você descobriu a escrita? Algum autor? Obra ou situação primordial desencadeou o processo?
Allan Francis – Olha eu leio desde que me entendo por gente, com cinco anos de idade já tinha uma ficha na biblioteca da cidade, pegava livros e mais livros, não selecionava muita coisa não, até que descobri dois ramos que me apaixonei, o suspense e a fantasia, como sempre fui fã de desenhos japoneses na minha cabeça fervilhava estórias que queria contar e que queria participar, afinal quem não sonha em ser herói, então desde muito novo escrevia, comecei com poemas, redações, contos até migrar para os livros.
4 | Aproveitando que estamos falando de autores, quais foram os autores que foram seus pilares na escrita e por que motivos?
Allan Francis – O Tolkien me apresentou o mundo que eu queria viver, não sei como te descrever, mas ali estava tudo que eu sonhava, então nem falemos mais dele, não conseguiria dizer o quanto ele me influenciou.
Outro que conheci através de uma amigo há treze anos atrás foi o Stephen king, a forma criativa com que cria personagens e tramas era algo inovador para mim, lembro que cheguei a pensar, sou um sem cultura como não conhecia este cara antes.
Gosto muito do Saramago, Agatha Christie, Gabriel Garcia, Machado de Assis, Gaiman e Scott Fitzsgerald, tento aprender ao máximo com eles.
5 | PZ – Algum autor que você considera “obrigatório” para quem quer ser escritor?
Allan Francis – Sobre isso é meio difícil falar porque cada um tem sua área de preferência, mas posso indicar dois livros sobre como escrever que acho essenciais. Como ler como um escritor da Francine Prose, a forma como ela esmiúça e descontrói os textos clássicos te ensinando é revelador, e o KING tem um livro sobre o tema, Sobre a escrita, ali meu camarada, o cara mostra que é um gênio com toda sua experiência.
6 | PZ – Conheci seu livro “Corações nas Trevas” por acaso no Facebook e depois “topei” com ele em vários grupos e veio uma grande curiosidade sobre o mesmo. Sempre busco autores, obras e editoras nas redes sociais e acabo encontrado umas ótimas surpresas. Como tem sido o seu contato com leitores, sites do ramo, blogueiros e afins? O Feedback que vem deles já te fez pensar ou repensar algo sobre o livro, os personagens e o rumo da saga que você criou?
Allan Francis – A verdade que sempre prefiro as críticas negativas as positivas, com os erros aprendemos muitos com os acertos poucos, quando escrevemos nosso primeiro livro queremos saber o que as pessoas acham, sentem e pensam ao ler seu livro e o meu retorno foi muito positivo, poucas críticas negativas e aprendi muito com elas, repensei a construção de alguns diálogos e personagens, mas nada que influenciasse a trama, mais ligado a estilística e técnicas de escrita mesmo, então são vários vídeos no youtube de canais famosos de literatura elogiando muito o livro, as vezes as pessoas colocam predicados e coisas tão boas que fico pensando será que o livro é isso tudo? Não me deixo cair nestas armadilhas, mas não tem como não gostar.
Quanto aos leitores isso tem sido o mais extraordinário, o livro tem vendido muito bem, ainda mais pelo fato de que a divulgação é exclusivamente feita por mim, pessoas que nunca viu na vida, vem te adicionam no facebook ou em outras redes sociais, começam puxando papo, elogiando o livro e de repetente somos amigos, tinha mil amigos no face, hoje tenho quase 4mil, as pessoas compartilham o que escrevem e eu adoro isso, nem considero crítico literário, mas estou sempre disposto a ajudar, quando o tempo sobra.
7 | PZ – “Corações nas Trevas” é riquíssimo em detalhes, situações e conceitos, fale um pouco do seu processo criativo para o livro e inspirações que você usou na obra. Como você chegou no cerne do que está escrito ali, a criação dos personagens, lugares, revisões de pontos importantes, cenários, criaturas, essas coisas…
Allan Francis – É tão difícil falar sobre isso, porque foram tantas coisas, para você ter uma ideia uma das personagens eu nunca tinha pensado nela, dai numa noite sonhei com a estória dela toda, pensei “agora ela não pode sair, afinal ela veio e me contou em sonho”.
Quanto aos lugares eu tentei deixar cada cidade e cada reino com características próprias, que eu introduzia aos poucos sem fazer uma descrição detalhada e enfadonha, teve uma crítica de um rapaz que disse “eu consegui respirar o ar portuário de Abaak”, eu respondi “era esta a intenção”.
Criaturas como elfos, anões, dragões já permeiam nossa imaginação há muito tempo, o desafio foi começar a ver como eles reagiam diante de determinas situações, que aliás estão sendo muito mais exploradas no livro dois.
Outra criaturas como meio-dragões, rastejantes e os Arcons tive que trabalhar a imaginação, outras raças surgem no livro dois como os corcondos e os fadinos.
Agora o maior desafio foi quebrar a cabeça para amarrar a estória, tive que fazer dezenas de anotações, tenho uma ficha de cada personagem, enfim é muita coisa, mas tentei dar o meu melhor para que tudo fosse bem feito.
8 | Algum personagem preferido dos muitos que estão ali no Livro 1?
Allan Francis – Parece clichê, mas eu me identifico e gosto de todos, mas para mim, por suas jornadas três se destacam, Gael e Itzanami e Adarodan.
9 | Sua narrativa em “Corações nas Trevas” é bem extensa e o livro é “só um prelúdio”, fale um pouco dos planos para as continuações da aventura. Já temos um prazo em vista para a chegada do segundo livro?
Allan Francis – Então eu quero esclarecer algo sobre isso, eu adoro escrever mas faço isso como hobbie, queria poder ter mais tempo, mas estudo para concurso da Promotoria então só escrevo no fim da noite, quando passar terei mais tempo, mas respondendo a sua pergunta: O livro dois está bem encaminhado, está na parte final, acertando detalhes, tenho outro livro que enviarei para editoras e esta na fase de revisão, chama O Menino Deus, mas creio que o livro dois ficará pronto até junho ou julho e será lançado no fim do ano. A saga será composta de cinco livros, o livro quatro também esta bem encaminhado, pois comecei a escrever por ele, ai pensei “tenho que contar tudo desde o início”.
- Livro II A queda dos mundos
- Livro III Fragmentos da Caos
- Livro IV: A ascensão da Imperatriz
- Livro V: Fé
10 | Você já possui outras das continuações em andamento ou está escrevendo cada livro de forma cronológica?
Allan Francis – Respondi acima, o livro quatro esta bem adiantado, mas a ideia agora é a ordem cronológica para eu não me perder, inclusive algumas alterações serão feitas.
11 | PZ – Você tem algum plano para se aventurar escrevendo para além dos livros, alguma coisa para audiovisual, quadrinhos, games etc? Alguma expansão do universo dos livros de “Corações nas Trevas” para outros meios?
Allan Francis – Ainda não pensei nisso, tenho um canal no youtube, chama direito em casa, nele dou aulas de direito para concurseiros, mas tem uma oficina literária ligada a ele, meu projeto é poder escrever muito mais livros e alguns livros na área do direito que é minha outra paixão.
12 | Você tem alguma pretensão de percorrer circuitos literários nacionais, eventos de cultura pop ou algo assim pelo país para divulgar seu trabalho como a Comic Con Experience, por exemplo?
Allan Francis – Ochê claro, meu sonho é fazer parte destes circuitos, ser conhecido, interagir com os fãs do livro e como sou fã de muita gente conhece-las pessoalmente.
13 | PZ – E para concluir, mande um recado para nossos leitores. Nós da redação do PZ agradecemos muitíssimo pelo tempo e atenção, Allan.
Allan Francis – Ou então eu que agradeço, pessoal, não quero falar para comprarem meu livro, (se puderem comprem sim kkkkkk) mas a verdade é que se tiverem a oportunidade de ler leiam, mas não é só o meu não, leiam autores nacionais, nosso mercado esta em fase embrionária, e tem muita gente boa com muita ideia muito boa, então um dia podemos ser referências, valorize o que é da terra. Obrigado e continuem sempre acreditando em vocês.
Sobre o Autor
Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.