Livro | Wild Cards Vol. 1 – O Começo de Tudo

Com uma premissa interessantíssima, uma longa coleção de livros lançados (mais de 20), e o nome George R.R. Martin na capa, Wild Cards se torna uma obra muito chamativa para a fantasia nacional, trazida ao Brasil pelas mãos da nossa querida parceira, a Editora Leya.

Confesso que receei muito para iniciar a leitura da obra devido seu enorme tamanho e pelo fato de, quando adquiri esse primeior livro, a editora não dava sinais de lançar outros volumes da franquia por aqui.

Na época, somente o tínhamos disponível até o 4º volume, mas em uma virada incrível a Editora Leya já conta com o 8º volume lançado, prometendo mais ainda para esse ano e com a novidade do Spin-Off O Reciclador recém lançado de forma luxuosa com cards colecionáveis e pôster (veja release do Livro 8 e de O Reciclador AQUI). Logo, senti que havia chegado a hora de iniciar um especial dessa obra.

Comecemos, então, pelo Começo de Tudo.

Leya Wild CardsWild Cards | Tente sua sorte no Carta Selvagem

Terminada a 2ª Guerra Mundial, surge uma nova ameaça ainda maior ao mundo: uma nave alienígena cai na terra, e logo se perde em algum local dos EUA. Logo em seguida, outra nave chega ao país, com apenas um viajante em seu interior.

Seu nome é complicado demais, então logo ficou conhecido como Dr. Tachyon, pois vinha de Takis, planeta desconhecido dos humanos. Tachyon possui a incrível habilidade de ler a mente das pessoas, o que logo se mostra uma arma incrível, mas ele veio para o bem da humanidade.

Wild Cards
A edição nacional conta com a ótima arte de Marc Simonetti

Seu objetivo na terra: buscar o conteúdo da nave que caíra antes e alertar sobre o grande risco que havia em seu interior: um vírus com capacidade de alterar o DNA, criado em Takis, mas levado à terra para testes. Infelizmente não foi possível rastrear a localização dessa nave, que logo é encontrada por bandidos, que veem em seu conteúdo uma chance de conseguir dinheiro fácil.

Com a enorme preocupação sobre bombas atômicas, resquício das bombas da 2ª Guerra, o mundo inteiro teme essa nova ameaça, acreditando que ali residia uma nova forma de Arma Biológica, o que se prova verdadeiro.

Em dado momento, os bandidos, que agora possuem o invólucro que armazena uma quantidade incontável do vírus, seguem voando para Manhatan, com a ameaça de que, caso o governo dos EUA não pague uma quantidade exorbitante de dinheiro a eles, seu conteúdo seria lançado na terra, com efeitos ainda desconhecidos.

Nessa hora, Jetboy, herói da guerra, é convocado. Jetboy é um Ás na aviação, tendo dado conta de inúmeros aviões inimigos a bordo de seu caça americano.

Com o fim da Guerra, Jetboy acabou perdido por alguns anos em uma ilha deserta, mas logo consegue retornar para a civilização, onde se refugia nos cinemas, fazendo dos filmes sua válvula de escape para os horrores da guerra.

Mas uma ultima batalha precisa ser travada, e é com gosto que ele atende ao chamado do governo americano para defender a humanidade naquele fatídico dia. Em uma manobra arriscada, Jetboy joga seu avião contra a aeronave dos chantagistas, causando um rombo na fuselagem e, assim, conseguindo entrar e combater os bandidos fisicamente.

Mas logo as coisas dão errado e a aeronave se acidenta, liberando seu conteúdo de maneira esparsa na terra. Os vírus possuem uma resistência enorme, e logo começam a viajar pelo ar, chegando a todos os cantos do planeta, mas principalmente atingindo os EUA.

Em terra, todos assistem a disputa, e, após a explosão, percebem que as coisas logo iriam piorar. O vírus logo chega a terra, onde buscam hospedeiros, contaminando uma quantidade incalculável de pessoas na ilha de Manhatan.

Logo as pessoas começam a mudar, sendo que muitas morrem rapidamente com as transformações que seus corpos passam a apresentar. Pessoas simplesmente começam a virar poças de sangue no meio das ruas, enquanto outras se deformam de maneira ainda mais assustadora, ganhando escamas ou garras, até trombas de elefantes, asas, enfim. Uma infinidade de deformações bem criativas.

O vírus recebe o nome Carta Selvagem, pois logo se cria uma associação com jogos de baralho: aqueles que tiram um Curinga se transformam em humanos deformados, alguns podendo conseguir poderes incríveis, mas ficando fisicamente alterados.

Wild CardsNesse ponto, a criatividade dos autores é realmente incrível, com Curingas aparecendo com a pele totalmente transparente, sendo possível visualizar seu interior, outros virando lagartos humanos, e até mesmo alguns ganhando poderes sobre-humanos, mas ficando com deformações horríveis.

Já aqueles que conseguem tirar um Ás são os verdadeiros sortudos. Os Ases não sofrem nenhuma alteração física, mas ganham poderes incríveis. Alguns conseguem voar, outros leem mentes e ainda outros possuem força sobre humana.

Com essa definição, logo começa uma discriminação intensa, com os Ases sendo vistos como figuras a serem adoradas, verdadeiros deuses em terra, enquanto os Curingas são discriminados, condenados a viver uma vida reclusa devido ao preconceito que se cria.

Wild Cards | Uma colcha de retalhos, mas coesa

Apesar do nome enorme de Martin na capa, deve-se prestar atenção no que está escrito logo acima de seu nome: Editado por. Os livros Wild Cards são escritos por vários autores, cada um apresentando personagens diferentes, em uma colcha de retalhos enorme e vasta, causando uma confusão grande na cabeça do leitor, pois, entre esses novos personagens, é dada uma continuidade à história.

Todo o desenrolar da trajetória do vírus Carta Selvagem e seus impactos na sociedade são apresentados em todos os contos, mas cada um possui suas características próprias, seus próprios personagens e sua própria trajetória.

Há aqueles que focam somente no desenrolar da história de Tachyon, assim como aqueles que vemos o surgimento de um grupo de elite de Ases, que logo se deteriora com traição e forte opressão governamental.

Wild Cards
Capa da edição americana relançada.

Fique esperto com quantas vezes os Ases aparecem e quantas vezes são apenas mencionados, e o mesmo eu digo para o Grande e Poderoso Tartaruga, um Ás que possui o poder da levitação, mas que escolheu como disfarce uma carapaça de sucata, onde se esconde das autoridades.

Veja o surgimento de Curingas com poderes incríveis, como a Súcubo, que pode satisfazer qualquer desejo sexual apenas se transformando na pessoa desejada pelos seus clientes, seja qual for a fantasia.

Muito se fala sobre a confusão devido à forma diferente de escrita de cada autor, mas na minha modesta opinião a escrita singular é algo suportável. O que realmente causa confusão é o fato de que personagens introduzidos nos primeiros contos possuem seus momentos de rápida aparição nos contos futuros, sendo por leves aparições ou mesmo até uma leve sugestão de suas presenças.

Esse primeiro livro cumpre o papel de uma introdução ótima, mostrando como as vítimas do Carta Selvagem tiveram uma fama enorme para logo cair na sarjeta, assim como a discriminação sofrida por quase todos.

Também apresenta personagens que serão chave para a continuidade de todos os mais de 20 livros da série. Em termos de criatividade, Wild Cards me surpreende, como uma grande História em Quadrinhos romantizada, apresentando heróis e vilões, num universo próprio e rico.

A Leya mais uma vez capricha na capa, mais uma vez assinada por Marc Simonetti, qualidade física esplêndida, mas peca na revisão em alguns momentos. Nada incômodo, mas estão lá e acho importante ressaltar.

No mais, parabéns à editora. Estou realmente empolgado em ler os próximos livros, o que devo fazer logo, pois esse é um universo que vale a pena investir. Enorme em composição, mas rico e criativo, Wild Cards parece ser aquele tipo de série que você só se satisfaz ao ler o ultimo volume, que irá demorar um pouco a vir.

A Leya está se esforçando, e o ano que vem pode nos trazer uma boa surpresa. Vamos aguardar para ver, enquanto lemos os já lançados? Bora!!

Wild Cards
George RR Martin, renomado autor das “Crônicas de Gelo e Fogo” é o organizador da saga Wild Card

Wild Cards | Sinopse:

A Terra tem sua história alterada por seres humanos com poderes sobrenaturais. Um ás, por exemplo, consegue parar a bala que mataria Gandhi, que está vivo e pregando seus ideais de pacifismo, enquanto outro consegue absorver toda a inteligência de Einstein para usá-la a favor da humanidade.

As fantásticas histórias desta série abrirão as portas de uma realidade na qual o bem e o mal andam de mãos dadas e ninguém sabe se tirou a sorte grande… ou se teve um verdadeiro azar.

Wild Cards | Autores

Studs Terkel, Howard Waldrop, Roger Zelazny, Walter Jon Williams, Melinda M. Snodgrass, Michael Cassutt, David D. Levine, George R.R. Martin, Lewis Shiner, Victor Millán, Edward Bryant e Leanne C. Harper, Stephen Leigh, Carrie Vaughn, John J. Miller, Lewis Shiner

Wild Cards | Organização

George R.R. Martin trabalhou dez anos em Hollywood como escritor e produtor de diversas séries e filmes de grande sucesso. Autor de diversos best-sellers nos EUA e na Europa, foi em meados dos anos 1990 que Martin deu início a sua mais importante obra: As crônicas de gelo e fogo, a saga de fantasia mais vendida dos últimos anos, vencedora de diversos prêmios, que ganhou a premiada adaptação Game of Thrones pela HBO e também chegou aos quadrinhos.

Wild Cards | Dados Técnicos:

  • ISBN: 978-85-8044-510-7
  • Formato: 16 x 23 cm
  • Número de páginas: 480
  • Ano de lançamento: 2013
  • Tradução: Alexandre Martins, Edmundo Pedreira, PetêRissatti

Wild Cards | Links:

  • Wild Cards 1 na página da editora: AQUI
  • Wild Cards 1 no site brasileiro de GRRM: AQUI
  • Adicione no Skoob: AQUI
  • Teaser Trailer: AQUI

Wild Cards | Making of da Capa por Marc Simonetti

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Wild Cards

Sobre o Autor

Um leitor assíduo da fantasia e do terror, vem descobrindo aos poucos as maravilhas da Ficção Científica e dos Romances Históricos. Crítico e perfeccionista, procura falhas até nos livros mais perfeitos. Nas horas vagas escuta Heavy Metal e lê ainda mais.

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