Ah os zumbis. Estou quase perdendo as contas de quantos livros do gênero já li, porém em todos eu encontro algum elemento que me surpreende. E em Fome não seria diferente. Como assim, zumbis no sertão? E não é que dá certo?
Oxente…
Dia quase normal no povoado, afinal muitas pessoas saíram em viajem. Poucas pessoas permaneceram, e uma dela é Zefa, típica moradora do sertão nordestino. Matando uma galinha, se depara com uma horda de gente estranha, gente faminta, que logo a alcançam e, bem, não preciso dizer o que acontece.
Tempos depois, Delegado Paranhos e Segundo, seu auxiliar, chegam para investigar aquela cena caótica, sem conseguir chegar a nenhuma conclusão. Acabam levando o corpo de Zefa para a delegacia, deixando no freezer da cozinha.
Enquanto isso, Fátima, filha de Zefa, volta da cidade grande, aproveitando o feriado, para visitar sua mãe. Com intenção de buscar um futuro melhor, Fátima se mudou do povoado para estudar Enfermagem.
Quase chegando ao povoado, o ônibus freia bruscamente na rodovia, com o motorista jurando ter visto um homem devorando um outro homem.
Mais uma vez, Paranhos e Segundo chegam ao local para investigar, e são surpreendidos com a presença da filha daquela que acabaram de ver morta. Recebendo a notícia, Fátima, Paranhos e Segundo se encaminham para a delegacia.
Em outro local da cidade, conhecemos Luzia e Chico. Conseguindo escapar de um ataque, o casal decide ir embora da cidade, e para isso terão que ir até a rodoviária, onde o ônibus de Chico está estacionado.
Enquanto Fátima e os policiais estão na delegacia, e Chico e Luzia tentam chegar a rodoviária, acompanhamos ataques isolados, como o que acomete o padre da cidade. A horda, cada vez mais, cresce, e todos os seres só conseguem sentir uma única coisa: fome.
Sentindo o cheiro de gente, começam a fazer um cerco na delegacia onde os policiais e Fátima se encontram, forçando-os a irem para o telhado e esperar algum milagre.
Paranhos tenta falar com o prefeito que, estranhamente, havia saído da cidade pouco antes daquele inferno começar, e algumas pontas soltas do enigma dos seres famintos começam a se encaixar.
Fome | Avaliação
Benjamin possui uma escrita que, pra mim, até o momento, é única. Utilizando de muitas das gírias próprias do sertão, uma narração curta e direta, sem descrições, consegue fisgar o leitor rapidamente.
O terror não está tão presente nos seres famintos, mas sim no drama vivido pelos personagens. As descrições dos ataques causam certa repulsa, mas em si o livro não é tão sanguinolento e aterrorizante, puxando mais para o drama e o suspense mesmo. Nada mal, com certeza.
Benjamin possui mais um livro de terror que espero poder conferir em breve, além de uma HQ baseada nesse outro livro, e já escreve a continuação de Fome, que ainda tem muito a ser explorado.
A capa também é digna de nota, pois é linda, trabalho gráfico primoroso e de excelente qualidade, dando aquele charme a mais que nos recompensa pelo valor do livro. Recomendo com certeza a leitura para aqueles que amam esses seres e quer um algo a mais diferente. Esse algo a mais está em Fome, com certeza.
Fome | Sinopse
Em uma cidade do interior, o apocalipse já começou.
Num lugar esquecido pelo tempo, um grupo de pessoas entenderá o verdadeiro sentido da palavra medo, ao se encontrarem ilhados na terra que já chegou a ser seu lar.
Confusos, precisam sobreviver em meio a uma horda de mortos-vivos, uma vez os próprios moradores, os quais apenas conseguem aplacar o seu apetite com carne humana.
Lutando tanto para sobreviver quanto para entender o que está acontecendo, os últimos habitantes precisam se unir para defender-se, e desvendar aquele mistério é sua única esperança de saírem vivos.
Fome, um romance de Márcio Benjamin, autor do sucesso Maldito Sertão, que traz o mito dos zumbis para o calor do nordeste, e com uma narrativa ágil, retumbada pelos tambores do candomblé, procura recontar uma história que fala tanto de nós mesmos, ainda que não aceitemos.
O profeta estava certo.
O sertão vai virar mar.
De sangue.
Fome | Sobre o autor
Márcio Benjamin Costa Ribeiro, um natalense do Estado do Rio Grande do Norte, tem 37 anos, trabalha como advogado, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e costuma apresentar-se como um escravo das letras. Desde os treze anos é metido com lápis e papéis, tentando mostrar aos outros um pouco do que se passa em sua cabeça.
Participante usual de antologias de terror (Noctâmbulos, Caminhos do Medo, pela Editora Andross), também já fez muita gente rir com suas peças de teatro (Hippie-Drive, Flores de Plástico, Ultraje).Tenta tornar público seus contos exibidos com uma certa frequência no site www.umanjopornografico.blogspot.com.
Maldito Sertão foi o seu primeiro livro, de contos. Lançado em 2012 pela Editora Jovens Escribas, foi considerado um dos melhores de 2012 e 2013 pelo Troféu Cultura Potiguar e quadrinizado pelo coletivo Quadro 9, rezando a lenda que conhecerá a tela grande do cinema. Em 2015 foi lançada a segunda edição com mais contos.
Em 2016, foi convidado pela Universidade de Sorbonne,tendo exposto seu trabalho em Paris, na referida universidade, bem como participado do Salão do Livro na capital francesa. Ainda no mesmo ano lançou o seu primeiro romance, Fome, o qual concorreu ao Prêmio da Biblioteca Nacional como melhor Romance Juvenil de 2016.
Em 2017, teve um dos contos do Maldito Sertão, “Casa de Fazenda”, traduzido para o espanhol e composto a coletânea “Literatura Brasilis”, e lançado na XXVI Feira do Livro em Havana, Cuba.
Fome | Links
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Sobre o Autor
Um leitor assíduo da fantasia e do terror, vem descobrindo aos poucos as maravilhas da Ficção Científica e dos Romances Históricos. Crítico e perfeccionista, procura falhas até nos livros mais perfeitos. Nas horas vagas escuta Heavy Metal e lê ainda mais.