Atômica: A Cidade Mais Fria, conheça a HQ que inspirou o filme
A essa altura, você provavelmente já viu o filme em que Charlize Theron bate em alguém com o calcanhar, e cria uma distração usando guarda-chuvas pretos.
O filme é baseado na graphic novel de 2012, The Coldest City (A Cidade Mais Fria), e conta uma história de espionagem na Guerra Fria ambientada em Berlim antes da queda do Muro.
As primeiras páginas são a resposta imediata à queda do muro, mas quando a espiã do MI6, Lorraine Broughton, chega em um sábado para dar seu relatório, a visão de um gravador é a deixa para a narrativa voltar duas semanas, fazendo disso um vai e vem do interrogatório com diversos flashbacks.
Ela foi designada para Berlim para recuperar uma lista que supostamente nomeia todos os espiões atuantes na cidade. O espião britânico que leva a lista foi morto e o oficial da Stasi, que fornecia os apelidos, vive em Berlim Oriental.
Para sua primeira viagem lá, Lorraine é encarregada de garantir que a informação não caia em mãos erradas, mas também sabemos que no dia atual seu oficial superior foi morto e alguém usando salto alto estava no local.
A primeira coisa a se perceber sobre A Cidade mais Fria é que toda aquela ação desenfreada é muito mais moderada e contida no livro, aqui é muito mais a ameaça de violência que se aproxima e a arte de Sam Hart é o complemento direto das palavras de Antony Johnston.
Completamente em preto e branco, a tinta é compacta e dura de um jeito desagradável e difícil de entender, mas quando você pensa nisso, é exatamente o que um drama de espião obscuro precisa.
Você não pode ver a verdade aos olhos de uma pessoa quando seus óculos refletem sua imagem de volta, e painéis arbitrários de estranhos cedem à paranoia sobre a história.
Não ser capaz de discernir quem alguém é, se torna uma vantagem para se colocar na mentalidade de personagens que constantemente desconfiam e precisam ser culpados.
Além disso, as páginas iniciais descrevendo a queda do muro são uma declaração em si, dividida em três painéis horizontais. O meio é preenchido em preto, com letras brancas para fornecer o título e os criativos mais vendidos.
É uma parede, com os moradores locais comemorando no painel superior e espiões questionando o significado daquilo na parte inferior, e quando o espião principal menciona “Alguns deles estão dizendo que não haverá mais segredos, a partir de agora. Mas você e eu sabemos que isso não é verdade”, você tem essa parede figurativa no meio da página, apoiando a visão dele sobre o quão pouco mudou.
As semelhanças entre Atomic Blonde e A Cidade Mais Fria são bastante significativas, mas nada que torne a história completamente irreconhecível. A ação desenfreada e pancadaria não estão presentes nos quadrinhos, já que a vibração que sai de cada página é a de uma existência fria e imprevisível que pode arruinar ou acabar com uma vida quando você menos espera.
Há pouca explicação em A Cidade Mais Fria, por isso, se você espera legendas para o diálogo em alemão ou explicações sobre os codinomes e acrônimos que são usados… bem, lembre-se sempre disso, o Google é seu amigo.
No entanto, David Perceval (o agente veterano que é recrutado para acompanhar Lorraine por Berlim e ajudá-la em sua busca pela lista) parece e age como James McAvoy e seu retrato no filme, e Delphine Lasalle (uma agente de inteligência francesa que trabalha e tem relações sexuais com Lorraine que e interpretada por Sofia Boutella) é, na verdade, Pierre Lasalle nessa história, e provavelmente seria interpretado por Olivier Martinez, se não fosse pelo fato de Theron insistir em que Lorena fosse bissexual.
Independentemente de você já ter visto Atomic Blonde ou ter qualquer intenção de vê-lo, A Cidade Mais Fria é uma leitura valiosa e muito divertida, e merece ser mencionada ao lado de muitas outras obras clássicas de espionagem.
Atômica: A Cidade Mais Fria foi lançada no Brasil pela editora DarkSide.
Sobre o Autor
Fotógrafo, entusiasta de tecnologia, assíduo fã de quadrinhos, mangás, séries e games, não necessariamente nessa ordem.