Entrevista Tony Brandão e Junior Cortizo, autores da HQ Carrapato 1 e 2

Batemos um papo, pela segunda vez, com os artistas Tony Brandão e Junior Cortizo, responsáveis pelo crossover seriado que une os heróis criados pela dupla na saga Carrapato.

Ainda não conhece o trabalho dos caras? Então corre AQUI para ver a resenha do Vol.1, AQUI para ver nossa primeira entrevista com eles e AQUI para ver a resenha do vol2.

Primeiro quero agradecer o tempo da dupla para essa entrevista e parabeniza-los mais uma vez pelo excelente trabalho feito na série Carrapato. É perceptível o empenho de vocês na produção do material. Então vamos lá…

Entrevista Tony Brandão e Junior Cortizo, autores da HQ Carrapato 1 e 21 – Para começar, queria que vocês se apresentassem (novamente) para o nosso leitor, sei que muitos dos leitores antigos leram nossa primeira entrevista, mas temos novos leitores conhecendo o site o tempo todo e sei que vocês também se veem de forma diferente hoje em relação ao que foi dito em nosso primeiro papo.

  • Tony Brandão – Me chamo Tony Brandão, nascido na ilha charmosa de São Luis- Maranhão. Desenhista, colorista e contador de historia autodidata, autor dos personagens Perseu & Aline e, junto com Junior Cortizo, da série Carrapato que já está indo pra o terceiro numero. Um bombeiro Militar que tanto nacionalmente como internacionalmente se aventura no ramo em que sempre foi apaixonado, que é o Quadrinho.
  • Junior Cortizo – Me chamo Junior Cortizo e sou ilustrador publicitário faz um bocado de tempo. Sou de São Paulo e como cresci nos anos 70 e 80 fui submetido a que havia de melhor na cultura pop da época. Ultraseven, Speed Racer, Galaxy Rangers, Thundercats, quadrinhos do Hulk e do Aranha, Star Wars, Enigma do Outro Mundo e metal farofa formaram meu caráter e hoje estão todos misturados nessa bagagem que carrego sempre com um espacinho para algo novo!

2 – Um bom hiato separou a primeira da segunda edição do crossover Carrapato, o que mudou nesse tempo pra vocês em relação ao projeto?

  • Tony Brandão – Realmente, a distancia de tempo entre a primeira edição para a segunda foi um longo hiato e os leitores reclamaram com razão sobre isso. Acho que continuidade é um dos grandes problemas das produções de quadrinhos nacionais, problema esse que se agrava mais ainda quando essa não é a atividade principal de quem produz, como é o caso do Cortizo e eu, que temos nossos empregos e famílias e praticamente só produzimos nas horas vagas.
    Respeito ao leitor, foi que nos levou a produzir na primeira edição uma HQ (de 98 paginas) fechada, que se encerra nela mesma, justamente pra não acontecer esse problema corriqueiro que é o leitor se interessar por uma hq que é uma serie em 3 ediçoes, comprar a primeira e ficar esperando por uma continuação que nunca virá.
    Mas esse intervalo de tempo de certa forma foi bom, ficamos mais experientes, os traços evoluíram, amadurecemos como autores e quadrinistas e acho que pudemos entregar ao leitor um material melhor ainda do que foi o primeiro.
    Tentamos compensar tempo de hiato com qualidade no resultado final dessa segunda edição.
  • Junior Cortizo – Entre as duas edições eu ainda produzi uma segunda edição de A Tribo, quadrinho também independente que conta histórias dos meus personagens. Esse período se constitui principalmente de aprendizado. Recebemos muitos retornos sobre a primeira, tanto positivos quanto negativos, daí foi questão de ver o que poderíamos melhorar, deixar mais legal uma segunda edição e aplicar na HQ nova. A gente queria antes de mais nada uma história legal.
    Trouxemos algumas referências da edição 1 mas colocamos mais personagens, um inimigo mais controlado o que no caso quer dizer mais perigoso. Também mudamos o cenário, as praias do Rio deram lugar ao concreto de São Paulo com direito a uma parte da HQ se passando numa convenção de quadrinhos! Acho que os desenhos mudaram também, pelo menos no meu caso eu sempre tento mudar, experimentar pensando numa evolução para não ficar com o traço estacionado.
    Acho legal tentar algo novo. Quanto ao roteiro, dessa vez tivemos uma participação do Nando Alves que junto com a gente desenvolveu uma HQ bem agitada, cheia de ação e tão divertida quanto a Carrapato 01.
    Também temos algumas artes de amigos e material extra que deixou a revista bem recheada!

a dupla de autores em evento de quadrinhos

3 – Carrapato Vol1 foi uma edição independente de vocês e o Vol2 foi um financiamento coletivo na plataforma Catarse; como foi gerenciar a campanha pra vocês em paralelo com a produção da HQ propriamente dita (layouts, desenhos, cores, gráfica etc)?

  • Tony Brandão – Esse foi nosso primeiro projeto no Catarse e pra uma primeira experiência, acho que a gente conseguiu se sair bem. Não é tão fácil quanto parece, calcular o custo de gráfica, dos correios, tentar enxugar o Máximo possível para que a meta não fique alta e difícil de ser atingida, fazer bem o marketing… são muitas variáveis e acho que a mais difícil dela, é calcular o tempo de entrega aos apoiadores, conciliar isso com a produção em andamento e CUMPRIR esse prazo de entrega não é fácil não.
    É uma experiência extenuante e emocionante, tivemos um pequeno atraso, mas no final, deu tudo certo. Espero que em uma próxima vez, a gente use essa nossa experiência adquirida e não deixe que os pequenos erros se repitam.
  • Junior Cortizo – Também rolou uma aplicação do que a gente vem aprendendo produzindo quadrinhos autorais. Como eu e o Tony escrevemos e desenhamos a gente tem uma noção de tempo e trabalho que dá para preparar um material desse e foi uma equação que a gente não colocou nos custos da revista no catarse. Deu pra deixar um preço legal pelo conteúdo já que observamos que estamos no começo e colocar o preço lá em cima poderia ter sido um tiro no pé pra dois desconhecidos no mercado.
    Também fomos aprendendo que havia um certo “boom” pela plataforma, parecia que era a saída para todo projeto mas observamos que não era bem isso. Pessoas com projetos bem engajados e com certo reconhecimento público tem mais facilidade de conseguir êxito.
    Hoje vemos muitos projetos legais, mas que ao mesmo tempo não conseguem fechar. Culpa do público que cansou e espera para comprar depois na mesa com o artista, dos artistas que estão projetando mal suas campanhas ou mesmo da plataforma que pode começar a privilegiar e divulgar projetos mais rentáveis para ela? Acho que as coisas estão se assentando agora e precisamos de mais um tempo pra entender como funciona.  No nosso caso, agradecemos demais a cada um que deu aquela força pois foram apoios suados, conseguidos com bastante empenho.
    Quanto a fazer a hq, foi o processo foi o de sempre, pensamos no roteiro, rascunhei as páginas que ficaram por minha conta e depois passei a desenhar e colorir direto no Photoshop.
    Conforme tínhamos as páginas fui montando a edição senado em conta páginas de expediente, páginas duplas, extras e fui acrescentando as balonagens e textos. Já tínhamos feito um orçamento com a gráfica mas como aumentamos em 25% o tamanho da revista tivemos de rever isso. Felizmente conseguimos um pouco a mais do que pedimos no Catarse e deu pra pagar tudo certinho.

4 – Na primeira HQ a ação corria solta e tinha muitas coisas comuns ao gênero de Super-Heróis em um crossover, tipo, a corriqueira luta entre os heróis até que eles se aliem para vencer o mal comum. No Vol2 os personagens têm já uma amizade e elos de companheirismo forjados no campo de batalha, como foi trabalhar isso no roteiro de vocês?

  • Tony Brandão – As maiores amizades são forjadas em momentos de aperto, e depois do que os personagens passaram juntos na primeira edição, seria natural que eles mantivessem o vinculo e contato entre eles, assim aconteceu e tentamos trabalhar essa relação de forma mais natural possível , mostrar ao leitor que os laços de amizade entre eles só se fortaleceu.
    Agora eles sabem que em um momento mais difícil em que precisem de um “reforço”, eles podem contar um com outro. Isso ajuda no desenvolvimento do lado humano do personagem e pessoalmente, curto muito trabalhar essa parte.
    Curti muito especialmente da amizade entre as meninas e o jeito que ficou natural ; Aline, Portal e Volt viraram praticamente amigas de infância,criaram até um grupo no whatsapp com o nome de “meninas super poderosas” pra aprontarem longe dos meninos… hehe.
  • Junior Cortizo – De forma natural. Fazia parte a gente aumentar esse laços entre eles que passaram a ser amigos. Apesar de ser uma revista com muita ação, característica do nosso álbum, a gente queria reforçar isso tanto entre Portal, Aline e Volt quanto no lado do Perseu, Lynx, Cura, Tiborg e Puma que passaram a trabalhar juntos. Existe uma certa competição até boba entre os caras mas as garotas já parecem ser as melhores amigas desde sempre. A gente pensa em trabalhos futuros e manter essa unidade e coerência sempre fez parte dos nosso planos.

5 – No vol2 é perceptível os dois focos narrativos da HQ que coloca em locais diferentes o “grupo dos meninos” e o “grupo das meninas”, como foi trabalhar esses dois focos de forma que ambos funcionassem separadamente e ao mesmo tempo tendo um elo entre si na narrativa maior da obra?

  • Tony Brandão – Acho que eu e o Cortizo temos uma sincronia criativa que faz com que a historia vá fluindo muito naturalmente. Na historia, quando acontece a separação em que os “meninos” vão para um lado e as meninas para o outro, Cortizo ficou com a parte em que eu mais admiro em seu estilo, que é a ação; a perseguição de carros, explosões e borracha queimando no asfalto que ele fez foi lindo de ver.
    Já eu, fiquei com a parte das meninas( dizem que sou bom nisso) e pude desenvolver umas ideias que eu tinha nessa parte em que elas estão em uma comic com. Tanto eu quanto ele, tivemos carta branca um do outro pra criar como quisesse essa parte separada, depois com tudo pronto, foi só intercalar as cenas ao melhor estilo Star Wars de edição, e fazer a turma se encontrar lá na frente pra encarar um desafio maior.
  • Junior Cortizo – Primeiro foi uma questão de logística. Quando começamos a pensar essa HQ eu ainda estava produzindo a Tribo 2, mas o Tony estava empolgadíssimo então ele começou a fazer pela pequena retrospectiva que temos no começo da revista e como já tínhamos o roteiro pronto ele foi fazendo essa parte onde elas apareceriam e eu queria fazer alguns ajustes na parte em que a Tribo surgia no começo.
    Aí ficava também mais fácil eu ir trabalhando num foco e o Tony em outro mas sabendo que lá na frente a gente se encontraria.

6 – Gostaria que cada um de vocês falasse um pouco sobre seus processos criativos dentro da produção da obra e de como se deu a comunicação entre vocês para viabilizar o projeto.

  • Tony Brandão – Apesar da Carrapato 1 ser uma historia fechada, que começa e termina nela mesma, tenho que confessar que a ideia sempre foi ter uma continuação. Como a receptividade da primeira foi boa, nos deu mais segurança pensar em produzir uma segunda edição. Nosso método de produção é meio peculiar… todas as etapas, diagramação, desenho, cores, textos no balões e tudo mais, são feitos unicamente por esse dois caras malucos que vos falam.
    Na hora de criar, não existe propriamente um roteiro escrito, existe uma ideia. A gente sabe como a historia irá começar e como a historia irá terminar, mas, tudo o que acontece entre esse começo e fim, incluindo diálogos, ação, cenas e tudo mais, a gente vai criando na hora em que vai desenhando as paginas. Parece meio bagunçado, mas  mesmo com a distancia geográfica, como eu já comentei na pergunta anterior, Cortizo e eu temos um sincronismo criativo bem bacana e acaba dando tudo certo..hehe.
    Nessa segunda edição, pensamos em fazer diferente, ter um roteiro em mãos pra ir desenhando, e pra isso, convidamos o Nando Alves, um grande roteirista (que tem seu nome nos créditos do roteiro junto com o meu e do Cortizo) pra dá uma mãozinha nisso.
    De inicio, seria uma historia mais curta, passamos nossa ideia em forma de plot pro Nando,e ele escreveu uma historia de 40 paginas. Acontece que na hora de eu e Cortizo desenharmos,como sempre acontece nessa etapa da produção, ideias fervilharam em nossas cabeças, nosso lado “roteirista” pesou e nos dois acabamos mudando muita coisa e incluindo muita coisa que não existia no roteiro original. Com as mudanças e paginas a mais,a revista ficou mais a nossa cara.
    Assim, uma HQ que inicialmente teria apenas 40 paginas, acabou ficando com mais de 120 paginas. Acho que o resultado final deixou todo mundo feliz… hehe.
  • Junior Cortizo – Logo que terminamos a primeira e começamos a receber os feedbacks da galera a gente soube que tinha um material legal nas mãos. O vilão que criamos, a Inteligência Artificial Carrapato acabou ficando grande para uma edição só e com o pessoal nos perguntando sobre uma continuação ficou fácil assumir que dava sim pra contar mais histórias.
    A gente também queria continuar com a ideia da localização, de colocar os personagens em cenários que reconhecemos então dessa vez trouxemos os irmãos cariocas para São Paulo ( também gosto de fazer umas perseguições na cidade, hehe ) e também num lugar comum para boa parte dos leitores: uma convenção de quadrinhos! E era um lugar perfeito pra homenagear muitos personagens nacionais que aparecem como cosplays mas que logo viram uma baita dor de cabeça.
    Em certo momento da produção vimos que seria legal tentar uma plataforma de apoios e com sangue frio e certo receio a gente conseguiu viabilizar a obra. De novo, deu um trabalhão aprender algumas coisas na marra mas valeu a pena!

7 Vocês convidaram muitos artistas para Carrapato Vol.2, gostaria que comentassem como foi esse processo e o contato com esses vários artistas na HQ.

  • Tony Brandão – Quando decidimos colocar Carrapato 2 na plataforma Catarse, nosso primeiro compromisso, se conseguíssemos a meta, seria entregar as revistas no prazo previsto aos apoiadores , evitar o atraso que marcam grande parte dos projetos dessa plataforma.  Acontece que, sozinhos, eu e Cortizo vimos que não iríamos conseguir  cumprir isso.
    Desenhar, colorir, diagramar, colocar balões, escrever , era muita coisa pra dois caras apenas, e aí veio o socorro. Aproveito aqui para agradecer novamente, aos amigos que nos deram uma força em um momento de muito aperto, Rom Freire e Flavio Rodrigues e Pow Rodrix, que nos deram sua brilhante participação desenhando uma pagina cada, ao Zé Carlos, que coloriu uma pagina dupla de maneira fantástica, e ao nosso pareceiro Assis Leite, que coloriu magistralmente quase uma dezena de pagina. A revista acabou atrasando um pouco, mas sem essa ajuda dos amigos, o atraso teria sido algo muito maior.
  • Junior Cortizo – O projeto ficou grande, maior que a gente esperava mas o que sempre pega é que a gente não faz quadrinhos o dia todo. Não é essa a minha fonte de renda então é quando sobra um tempo que eu trabalho e fazer o roteiro, desenhar, colorir, diagramar e colocar os textos demora pacas!
    Quando o Tony soube que estar na CCXP de 2018 a gente não podia perder a chance e colocamos um prazo para terminarmos. Alguns problemas surgiram e convidamos alguns desenhistas e coloristas que já conhecíamos para nos ajudar em algumas páginas. Foi uma grande honra ter essa galera do nosso lado.

8 – O que vocês consumiram de HQs, filmes, séries e/ou games que os inspiraram para esse novo volume? Vi ali, mas pode ser coisa da minha cabeça, inspirações as mais diversas possíveis com enquadramentos cinematográficos, ação frenética tipo mangá e muita coisa que lembrava o exagero dos anos 1990 e vocês brincando com isso o tempo todo na obra.

  • Tony Brandão – Nesse intervalo de tempo entre a primeira e a segunda edição, eu realmente não lembro de ter lido nada assim tão relevante que tenha ficado em minha cabeça a ponto de me influenciar na produção dessa HQ. Acho que o que acontece, é que somos oriundos dos anos 80 e 90,(e até começo dos anos 2000)  muita influencia no sangue do artista e que não tinha como caber somente em uma edição hehehe.
    Essa segunda ainda tinha muita coisa pra usar, coisas que a gente curte brincar como os exageros dos anos 90, os brucutus cascas grossa dos anos 80, aquela ação desenfreada estilo Akira, aquela liberdade do começo dos anos 2000 e desenhar mulher bonita sem medo de ser feliz… isso somado a nossa própria evolução como artista e na arte de contar historia, tinha que da alguma coisa legal. Acho que conseguimos e com certeza a terceira edição terá muito mais.
  • Junior Cortizo – Essa foi a época em que eu comecei a trabalhar e  podia comprar um ou outro quadrinho importado e sim, me influenciaram muito. Jim Lee sempre é lembrado, mas o meu preferido sempre foi Marc Silvestri. Tudo isso é uma amálgama de referências dentro de mim, hahaha. E apesar de acharem que nos 90 foi o ápice do exame, bom quadrinhos de super heróis sempre foram e sempre serão.
    Os filmes dos Vingadores são um misto de dentes rangendo, músculos e poderes absurdos que sempre esteve aí. Que sempre teve em qualquer desses mangás de aventura. Um quadrinho que me chamou muito a atenção foi o Authority do Warren Ellis, se não me engano, tinha um pegada um pouco diferente da Liga da Justiça, por exemplo. Também tem alguma produções como Shadow Man , Bloodshot e X-O Manowar. Video Games… cara! Muito coisa me influencia, hahaha. Bebo muito dessas fontes.

a dupla de autores expondo seus trabalhos e produtos

9 Quais os planos para a próxima edição do crossover? O que podemos esperar de novidades e desdobramentos.

  • Tony Brandão – No momento,antes da gente realmente parar pra pensar na terceira edição de Carrapato, tanto eu quanto o Cortizo, estamos nos dedicando a filmes, quer dizer, historias solo de nossos respectivos personagens. Cortizo já está indo para a terceira edição e promete uma história com muita vilanice e aquele humor peculiar que a gente se amarra em suas historias.
    Já eu, estou na produção da primeira edição solo de Perseu & Aline, nela quero aproveitar pra preencher algumas lacunas, apresentar melhor esses dois irmãos e os  mistérios que cercam suas origens. Isso foi mostrados de relance em Carrapato Estágio 2 e que agora quero aprofundar melhor, coisa que não dá pra fazer em uma HQ crossover como é a Carrapato. Enfim, é muita coisa pra contar sobre esses personagens e está mais que na hora de mostrar isso aos leitores.
    Mas com certeza, “Carrapato; Estágio 3” virá  pra fechar com chave de ouro essa trilogia.
  • Junior Cortizo – Ainda está cedo, eu e o Tony temos de nos dedicar aos nosso personagens em si, fazer revistas menores para ficarmos com um espaço menor entre os quadrinhos. Dá tempo de pensar em alguma coisa legal ( eu até fiz uma cena na Estágio 2 que pode vir a dizer alguma coisa no futuro ) mas nesse momento o foco são mesmo as edições sem crossovers. A Tribo 3 vem aí com foco nos vilões. Uma edição do mal!

10 – Em relação aos eventos? Vocês estão se planejando para quais? Aproveitando o embalo, como é o encontro com fãs em ocasiões como essas?

  • Tony Brandão – Devido a minha localização geográfica, morando aqui em Rondonia, estou totalmente fora e longe dos eventos de comics, então, pra eu ir a um evento, financeiramente falando ele tem que valer a pena, e quanto maior o evento, maior a concorrência e a dificuldade de passar em uma seleção. Então, por essa razão, não tem como fazer um planejamento contando em passar.
    Não tenho do que reclamar, apesar da concorrência absurda e de não ser um quadrinista famoso, de 5 edições da CCXP, estive lá em três ocasiões. Todas elas dividindo a mesa com meu irmão de traço Cortizo e esse contato olho no olho com o leitor que vai em nossa mesa nos prestigiar é uma experiência fantástica, algo que realmente nos estimula e anima a continuar.
  • Junior Cortizo – Os eventos, no meu caso, são em geral uma incerteza. Esses grandes que conhecemos, bom eles tem uma seleção que ainda não entendi e também temos uma concorrência muito grande e forte. No geral, como sou de São Paulo, ainda consigo participar de vários e posso dizer que são, em geral, muito divertidos.
    Gosto muito de ter a possibilidade do visitante de poder apresentar o material que temos e fico ainda mais feliz se a pessoa já conhece nossas revistas! Cara, que sensação legal.
    Aí me dá mais vontade de produzir pois acontece de mesmo que a pessoa já tenha as 4 revistas ela vem pra conversar um pouco sobre quando teremos material novo, ou pra falar que cena gostou, que personagem curte mais… é bacana pra caramba!

A tribo, Perseu e Aline – Carrapato Estágio 2

11 – Para encerrarmos, qual o recado de vocês para os fãs e, principalmente, para aqueles que querem seguir uma carreira dentro do mercado de Quadrinhos?

  • Tony Brandão – Antes, quero agradecer mais uma vez a força e o espaço que o Ponto Zero, sempre reserva a produções nacionais. Que bom seria se mais sites especializados dessem essa atenção aos autores independentes. Valeu mesmo.
    Aos que estão chegando agora e aos que querem seguir carreira nesse meio, se eu pudesse dá um conselho e conselho esse que nos mesmos ainda estamos tentando fazer, seria pra tentar furar a “bolha”, não ficar tão preso e dependente a um nicho,como acontece em alguns casos, que praticamente fica autor produzindo e só outros autores acabam consumindo e assim fica um publico vicioso, estagnado e que nunca  cresce.
    Teu produto tem que ser atraente o bastante pra tentar atingir pessoas fora disso,o leitor médio mesmo, o sucesso com esse publico é que vai determinar o quanto o teu quadrinho pode ir pra frente ou não.
    E aos fas, aos que acompanham nosso trabalho, agradecer o apoio e dizer que continuem acompanhando, pois novidades estão por vir.
  • Junior Cortizo – Muito obrigado por mais essa força. A gente faz a nossa parte tentando criar obras divertidas mas nada disso vale se não tivermos pra quem mostrar e quando a gente acerta é um combo!! A gente precisa de perseverança pra firmar o mercado nacional de hás, entender que a gente não é só consumidor mas também somos criadores. Podemos desenvolver melhor também entendendo que tem espaço para todo tipo de obra e diminuir uma ou outra pelo simples fato de ser sobre um tema que não se gosta não ajuda em nada.
    Vi muita gente em feiras que disse que nunca havia visto uma hq com tal qualidade gráfica e que nunca deu a devida atenção porque achava que “no Brasil quadrinhos de super heróis não pega” e tal. Uma besteira que me parece se estender para outras mídias como filmes e livros e que ouço desde que era pequeno. De a gente está fadado a fazer apenas obras de humor ou calcados na realidade.
    Pessoal, a gente precisa aprender com o tempo e não só replicar  o que ouvimos por aí só porque saiu da boca que alguém que gostamos. E aí a gente pode um dia consolidar não só mais esse mercado mas o de games, literatura e cinema criando uma série de carreiras tão comuns e admiradas fora do país.

É isso galera, meu muito obrigado Tony e Junior pelo tempo que vocês investiram em responder esta entrevista. Como fã e leitor de HQs de ação desde muito moleque, agradeço a oportunidade de prestigiar o trabalho de vocês, os parabenizo por realizá-lo tão bem e de forma tão empenhada.

Aguardo ansioso pelo próximo capítulo da saga Carrapato e, claro, os demais trabalhos de vocês. O Ponto Zero está sempre de portas abertas.

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Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.

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