Resenha | Dylan Jones: E o mistério dos 12 signos

“Dylan Jones: E o mistério dos 12 signos” é uma aventura de fantasia urbana sobrenatural regada pelas típicas idiossincrasias adolescentes do High School americano.

Cheio de clichês do gênero — a maioria dos quais foram cimentados no imaginário Teen dos anos 2000 pela Saga Crepúsculo da escritora Stephenie Meyer — o livro mistura elementos míticos, folclóricos e da cultura pop para se construir como um amplo pastiche de seres e conceitos em uma narrativa intimista que mistura mistério, muita ação, romance e estranhos assassinatos.

A premissa é bem interessante e esse grande excesso de “copia e cola” de outras tantas obras, seres mágicos e sobrenaturais da cultura pop que não chega a ser uma novidade tem seus atrativos ao brincar com tudo ali naquela cidadezinha americana típica do interior do país chamada Sailer Hills onde tudo acontece “ao mesmo tempo-agora”.

Geovani Alves me parece um escritor esforçado e este seu primeiro livro deixa antever um potencial bem grande para o jovem autor assim que ele se livrar dos vícios do “romance de formação” e seus principais elementos característicos: a narração em primeira pessoa que o restringe demais ao que vê, ouve e pensa seu protagonista Dylan Jones, o excesso de sentimentalismos adolescentes artificiais e a busca pela aceitação dos outros para com as particularidades que tornam esse protagonista alguém tão ímpar e especial que ninguém é capaz de compreendê-lo entre seus pares.

Quando se propõe a narrar sua trama principal — os assassinatos envolvendo os 12 signos do zodíaco — o livro funciona melhor do que quando se foca nos dramas juvenis do fim da adolescência transitando por festas, namoricos, paixonites, brigas e ciúmes típicos dessa fase da vida.

Apesar desse ser o grande pilar que sustenta o livro, acredito que Alves poderia ter ido além dele e focado mais em sua aventura fantástica com magias, poderes e seres míticos em suas disputas por poder e autoafirmação.

Há lutas, há vislumbres de vidas anteriores, há uma infinidade de criaturas como lobisomens, vampiros, kitsunes, sereias, anjos, bruxos e feiticeiros adolescentes, ao menos na aparência, que se esbarram em menor ou maior grau de importância na trama para desvendar e ao mesmo tempo impedir que um misterioso assassino continue a matar jovens de Sailer Hills por um motivo desconhecido.

E Dylan Jones está no meio desse turbilhão todo quando encontra o grande amor de sua vida aos 16 anos de idade e sente que ele e Kristal estão destinados um ao outro por forças que não compreendem.

Esse encontro de almas gêmeas desvela também toda a atmosfera mágica e sobrenatural que permeia Sailer Hills e a maioria de seus moradores que antes era um fato oculto para Dylan. Partindo desse mote acompanhamos os jovens protagonistas por festas de verão, passeios na praia, hormônios a todo vapor enquanto dão uma pausa para lutar contra um mal ancestral.

E essa é minha grande crítica ao “romance de formação” que é Dylan Jones: E o mistério dos 12 signos: Alves simplesmente nos joga para fora da trama constantemente em sua narração ao interromper o fato gravíssimo que está assombrando Sailer Hills para dar a seus personagens momentos de pura diversão teen enquanto o caos toca o terror por aí.

Ok, é uma obra fantástica, mas ainda assim que grupo disposto a salvar o mundo simplesmente para suas determinações para ir à praia? Bom, talvez um grupo de adolescentes cheios de hormônios, tempo livro e poderes a serem desenvolvidos. Há algum problema nisso? Acredito que realmente não haja, mas não consigo encarar bem essa suspensão narrativa tão brusca.

Dylan Jones: E o mistério dos 12 signos é uma grande mistura de conceitos e tem uma gama de concorrentes similares no mercado: obras com adolescentes cuja responsabilidade de salvar ou mudar o mundo recai sobre seus ombros, um mundo sobrenatural bem embaixo de nossos narizes e oculto de nós por décadas e até séculos, dois jovens de mundos diferentes se apaixonando perdidamente e lutando para levar esse amor adiante…

Para os fãs dessas abordagens temos aqui um genuíno sucessor para algumas séries já encerradas no mercado e com potencial de agradar os jovens leitores que querem algo jovem, mas não infantojuvenil como os Harry Potter da vida, já que nesta obra, a questão da descoberta do sexo, da tensão entre os jovens que se descobrem, da sexualidade como forma de identidade é algo bem pautado.

Pode ser que eu pareça um tanto duro com a obra, mas a verdade é que Dylan Jones: E o mistério dos 12 signos não é um livro feito para mim, um jovem senhor de 40 anos que já viu mais da metade disso em algum outro lugar.

Acho louvável o trabalho de Alves na construção de seu mundo fantástico e de uma trama bem labiríntica com idas e vindas pelo fluxo do temporal através de sonhos e visões que vão construindo um mosaico enorme para o jovem Dylan Jones compreender suas origens e sua relação com Krystal.

Minhas recomendações para o jovem autor estão justamente para esse foco numa estruturação mais coesa de certos pontos que dizem respeito à lógica narrativa interna, pois as quebras impostas a ela são drásticas demais.

Talvez o jovem leitor nem as percebam ou nem se incomode com algumas delas, no entanto o trabalho do jovem autor deve sempre ir em direção à lapidação de seu texto e de seu fluxo cronológico.

Também preciso pontuar que a obra necessita passar por uma nova revisão, há muitos erros de gramática, ortografia e concordância perdidos em várias páginas do livro físico, ironicamente, a maioria desses erros está ausente do e-book.

Se você é fã de Crepúsculo, Fallen, Os Instrumentos Mortais, Divergente, Dezesseis Luas e afins, aqui está mais uma saga para você se deliciar com jovens bonitos, sexys, perigosos e com problemas de autoestima mesmo que sejam jovens, bonitos, sexys e perigosos. Dylan Jones: E o mistério dos 12 signos pode ser encontrado na loja on-line da Skull Editora e no site da Amazon.

Dylan Jones: E o mistério dos 12 signos | Sinopse e Ficha Técnica

Sailer Hills e uma pequena cidade no sul da Califórnia, cercada por uma densa floresta coberta por uma constante camada de neblina, essa pequena e misteriosa cidade esconde muitos mistérios e segredos que nem mesmo os mais antigos moradores desconfiam.

Dylan Jones, um garoto comum que vê sua vida virar de ponta cabeça quando começa a sonhar com uma misteriosa garota que ele só consegue ver os olhos, e uma onda de assassinatos misteriosos começam a acontecer com adolescentes próximos a ele, tudo o que se sabe sobre os assassinatos é que o assassino deixa o símbolo do signo da vítima entalha em seu peito.

Ao tentar descobrir quem está por traz dos assassinatos, ele descobrira que Sailer Hills abriga não só humanos, mais também seres sobrenaturais que podem estar por trás dos assassinatos, como também por traz da morte de sua mãe e do desaparecimento do seu pai.