Flores de Alvenaria, do escritor Sérgio Vaz, é um daqueles livros simples, mas que carrega em si uma mensagem extremamente forte e necessária: a periferia urbana respira arte, produz arte e vive a arte que produz em plenitude.
Escritor e ativista dos subúrbios da grande São Paulo, Sérgio Vaz é um poeta urbano em amplo sentido, pois vivencia na pele e no cotidiano a realidade da periferia, essa área das grandes cidades onde vivem os invisíveis, os esquecidos, os ignorados pela sociedade mais próxima ou bem no centro dos grandes aglomerados das cidades do mundo todo.
Vaz fala de tudo um pouco, das idiossincrasias, das semelhanças, das diferenças, dos anseios, das perdas, dos sonhos alcançados e dos perdidos dessa massa humana que é tanto plural quanto singular que vive, mas acima de tudo, sobrevive nas regiões suburbanas.
A poesia de Vaz tem aquele quê de iconoclastia de uma arte feita às margens das instituições e dos padrões academicistas.
Sérgio Vaz criou seus textos com os ritmos e a estética das ruas exatamente como quem planta flores no asfalta, na calçada de cimento, nos muros cheios de pichações que hoje viram grafites de fazer inveja a qualquer exposição de museu.
Sérgio Vaz plantou um jardim onde muitos achavam que era apenas um terreno baldio.
Em sua segunda edição com projeto gráfico renovado, Flores de Alvenaria — relançado pela Global Editora em 2021, é uma leitura excelente para qualquer dia e hora.
Misto de poesia, aforismos, pequenos contos, frases de incentivo e reflexões sobre a vida na e da periferia em temas diversos, porém comum a todos: o fantasma das drogas, do desemprego, do preconceito, da revolta social, da luta de classes, do abandono nas ruas… mas também da estética, da arte, da esperança, da força para lutar por dignidade, respeito, amor.
A palavra que revela indignação e revolta é a mesma que revela amor e esperança.
Flores de Alvenaria fala de contextos vividos e revividos constantemente pela grande maioria da população brasileira ora de forma realmente poética, com lirismo, rimas, métricas e idealizações, ora com uma certa crueza, dureza e tristeza pelas perdas de um cotidiano de lutas constantes.
Vaz instiga tanto seu leitor quanto seus personagens para reflexões e para necessidades de sobressair preconceitos, medos e aquele determinismo tacanho da sociedade atual de pensar a periferia e seus moradores como seres invisíveis ou a se temer e odiar.
A palavra que revela indignação e revolta é a mesma que revela amor e esperança; o poeta Sérgio Vaz incentiva, apoia, mostra direções com suas poesias e contas, porém, acima de qualquer idealização poética e estética, Sérgio Vaz o que escreve em plenitude ao se integrar, andar, conversar e se diluir na vida da comunidade de Tobão da Serra, município da Grande São Paulo.
O poeta não fala de uma realidade distante, Vaz fala diretamente de dentro do cerne da realidade, fala do que vê, ouve e vivencia ao lado de seus irmãos.
Acima de qualquer habilidade — e Sérgio Vaz a tem de sobra — o que o leitor encontra aqui é o pleno exercício do artista que, antes da arte materializada num suporte, vivencia a arte na vida, no dia a dia e transforma fatos e momentos em palavras, histórias reais em contos, sorrisos e tristezas em rimas.
Mais do que um escritor, Vaz é acima de tudo uma das Flores de Alvenaria de seu próprio jardim real.
Eu, pelo menos, acredito que a boa Literatura é justamente essa que, mesmo na poesia, na ficção, na imaginação do artista, ecoa o mundo real e aqueles que nele vivem sem esquecer que, mesmo na adversidade há esperança no hoje e no amanhã.
“Vida loka é quem estuda”
Sérgio Vaz
Flores de alvenaria | Sobre o autor
Sérgio Vaz é considerado o poeta da periferia. Mora em Taboão da Serra (Grande São Paulo) e, além de escrever, é agitador cultural nas periferias do Brasil.
É criador da Cooperifa (Cooperativa Cultural da Periferia) e um dos criadores do Sarau da Cooperifa — movimento que transformou um bar da periferia da zona sul de São Paulo em um centro cultural.
O projeto também promove o encontro de leitores e escritores, além de divulgar a poesia nas escolas. Improvisa uma sala de cinema na laje do boteco e abre espaço para a produção cinematográfica alternativa das quebradas.
O Cooperifa influenciou e deu origem a quase 50 saraus, além da publicação independente de mais de 100 livros.
Por conta de suas atividades nas comunidades carentes, ganhou o título de Poeta da Periferia. O autor mantém a página Poeta Sérgio Vaz, no Facebook, com mais de 300 mil seguidores.
Flores de Alvenaria | Sinopse
Ficha Técnica
- Título: Flores de Alvenaria
- ISBN: 978-65-5612-068-3
- Autor: Sérgio Vaz
- Número da edição: 2ª
- Número de páginas: 264
- Formato: 14 X 21 cm
- Valor: R$ 29,90
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Sobre o Autor
Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.